A seletividade alimentar é um comportamento típico da fase pré-escolar, mas pode acentuar-se e persistir até a adolescência, especialmente em ambientes familiares desfavoráveis.
A seletividade alimentar, também conhecida como picky eating, é caracterizada pela recusa alimentar, pouco apetite e desinteresse por alimentos.
É um comportamento típico da fase pré-escolar, mas pode acentuar-se e persistir até a adolescência, especialmente em ambientes familiares desfavoráveis.
Nesses casos, pode evoluir para o Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (TARE), condição que pode causar déficits nutricionais e atraso no crescimento e desenvolvimento infantil.
De acordo com um artigo do Departamento de Psiquiatria e Psicologia Médica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o TARE é classificado como um transtorno alimentar não específico.
A nutricionista pediátrica Karla Barone aponta que diversos fatores podem influenciar a seletividade alimentar em crianças, como fatores ambientais, comportamentais, sensibilidade sensorial e até mesmo deficiências de vitaminas e minerais.
“Ao primeiro sinal de que seu filho começou a recusar alimentos ou a diminuir o repertório alimentar, os responsáveis devem procurar o auxílio de um nutricionista especializado. Hoje, existem várias abordagens que podem ajudar as famílias a lidar com a seletividade”, explica Karla.
Segundo ela, a Introdução Alimentar (IA) bem orientada e realizada de maneira correta reduz significativamente a possibilidade de a criança desenvolver seletividade alimentar no futuro.
Adriana Mota, mãe de uma criança com seletividade alimentar, relata que identificar a condição da filha levou tempo.
“No início, achava que era birra. A pediatra sugeriu não dar comida até que ela tivesse apetite, mas isso não funcionou!”
Só após buscar o auxílio de uma nutricionista, que junto com uma equipe multidisciplinar elaborou um programa de treinamento alimentar, a criança começou a se familiarizar com os alimentos.
Quando é hora de buscar ajuda?
A seletividade alimentar é uma fase normal do desenvolvimento, que costuma desaparecer por volta dos 7 anos de idade. No entanto, é importante buscar ajuda aos sinais de:
- Recusa persistente de grupos inteiros de alimentos, como frutas, vegetais, proteínas ou carboidratos.
- Aversão extrema a alimentos com determinadas texturas, como crocantes, viscosos ou fibrosos.
- Intolerância a refeições que contenham misturas de ingredientes, demonstrando uma preferência rígida por alimentos isolados.
- Aceitação de um número muito limitado de alimentos, resultando em uma dieta extremamente restrita.
- Respostas emocionais intensas, como ansiedade, raiva ou náusea, ao ser apresentado a novos alimentos ou texturas.
- Manutenção de padrões seletivos além da fase de desenvolvimento típica, sem melhora ao longo do tempo.
- Resistência significativa em experimentar novos alimentos, mesmo quando encorajado ou incentivado pelos pais.
- Dificuldade em participar de eventos sociais que envolvem alimentos, como festas, devido à rigidez alimentar.
- Preocupação excessiva com a forma como os alimentos são preparados, podendo levar a rituais específicos ou exigências detalhadas.
- Aceitação de apenas uma forma específica de preparo para cada tipo de alimento.
Se a criança apresentar algum desses sinais, é recomendável procurar um profissional especializado para avaliação e orientação adequada.
Texto por Aline Bastos, nutricionista clínica especialista em nutrição oncológica.
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