Analistas sugerem que a estabilização do dólar passa pelo fim das críticas de Lula ao BC e pela implementação de medidas que equilibrem as contas públicas.
Na terça-feira (2), o dólar viveu um dia de fortes oscilações, chegando a atingir R$ 5,70 durante as negociações, mas recuando para fechar em R$ 5,665, com uma alta de 0,22%.
O dia foi marcado por especulações sobre possíveis intervenções do Banco Central (BC) e críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à autoridade monetária.
A moeda norte-americana abriu o dia em queda, mas logo inverteu a tendência após novas críticas de Lula ao BC e promessas de medidas para o câmbio.
- Leia também: Lula critica papel do Banco Central e a atuação de Campos Neto
- Previsões econômicas do BC apontam alta na inflação e no dólar para 2024 e 2025
A incerteza no mercado aumentou, impulsionando o dólar para a máxima intradiária de R$ 5,701. No entanto, rumores de que o BC estaria consultando tesourarias para avaliar o apetite do mercado por dólares à vista levaram a uma reversão no final do pregão.
Cotação do Dólar
- Dólar Comercial:
- Compra: R$ 5,665
- Venda: R$ 5,665
- Dólar Turismo:
- Compra: R$ 5,716
- Venda: R$ 5,896
Contexto e repercussões
As críticas de Lula ao Banco Central, acusando a instituição de estar a serviço do sistema financeiro e do mercado, geraram preocupações no mercado.
O presidente afirmou que o governo discutirá medidas para conter a alta do dólar, mas evitou detalhar quais seriam essas ações. Ele também mencionou que retornará a Brasília para debater soluções.
O mercado especulou sobre possíveis intervenções do governo, incluindo mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para operações cambiais.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descartou essa possibilidade, enfatizando que a melhor forma de conter a desvalorização do real é melhorar a comunicação sobre o arcabouço fiscal e a autonomia do BC.
No final do pregão, rumores de que o BC estava consultando tesourarias sobre intervenções no câmbio acalmaram o mercado, resultando na redução dos ganhos do dólar. Essas consultas são comuns em momentos de estresse para medir o apetite do mercado por dólares à vista ou contratos de swap.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que a autarquia deve permanecer fora da “arena política“ e que o trabalho do BC é técnico.
“Há um prêmio de risco na curva (de juros), e ele tem sido elevado nas últimas semanas com a incerteza sobre o que acontecerá quando a próxima liderança, o próximo time (do BC) assumir”, acrescentou o presidente do BC.
Campos Neto deixará o comando da instituição no fim de dezembro. Ele participou de um evento do Banco Central Europeu (BCE) em Sintra, Portugal.
O dólar acumula uma alta de aproximadamente 17% em 2024, refletindo a volatilidade e as incertezas políticas e econômicas.
Analistas sugerem que a estabilização do dólar passa pelo fim das críticas de Lula ao BC e pela implementação de medidas que equilibrem as contas públicas.