Representante do COI, Mark Adams, sugere mal-entendido sobre gesto de Rayssa Leal
Na última terça-feira (30), o Comitê Olímpico Internacional (COI) comentou o caso envolvendo a skatista brasileira Rayssa Leal, que, ao conquistar a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, usou a Língua Brasileira de Sinais (Libras) para dizer “Jesus é o caminho, a verdade e a vida“.
O gesto foi capturado pelas câmeras oficiais dos Jogos, gerando discussões nas redes sociais sobre a possibilidade de punição à atleta.
O representante do COI, Mark Adams, afirmou que ainda não estava ciente do caso, mas que acredita que tudo não passou de um mal-entendido.
“Não conheço o caso. Obviamente, parece um genuíno mal-entendido”, disse.
Adams ressaltou que o COI não tem a intenção de se manifestar sobre o gesto de Rayssa, que é conhecida por sua fé evangélica e já expressou suas crenças em outras competições oficiais.
Regras sobre manifestações políticas e religiosas nos Jogos Olímpicos
A Carta Olímpica, documento que reúne os princípios fundamentais, regras e estatutos da competição, garante a liberdade de expressão a todos os competidores e suas equipes, conforme a Regra 40.
No entanto, a Regra 50 estabelece que nenhuma demonstração ou propaganda política, religiosa ou racial é permitida nos locais oficiais das competições, incluindo instalações, áreas do evento, Vila Olímpica e nas cerimônias de entrega de medalhas, abertura e encerramento.
A Regra 50 foi introduzida em 1975 e passou por diversas reescritas ao longo dos anos. Em resposta à pressão internacional, antes dos Jogos de Tóquio 2021, o COI permitiu algumas demonstrações nas competições.
Consulta com atletas e punições
Em 2019, o COI realizou uma consulta com 3.500 atletas representantes de 185 Comitês Olímpicos Nacionais e 41 esportes para reavaliar a Regra 50.
Aproximadamente 70% dos entrevistados consideraram inapropriado demonstrar ou expressar opiniões nos locais dos jogos, em cerimônias oficiais ou nos pódios.
Segundo a Carta Olímpica, violar as regras pode resultar em sanções como exclusão temporária ou definitiva dos Jogos, recolhimento de medalhas, perda de credenciamento e desqualificação para outras competições.
Cada violação da Regra 50 será avaliada pelos comitês olímpicos nacionais, federações internacionais e pelo COI.
Apesar da controvérsia, o COI parece inclinado a não tomar medidas contra Rayssa Leal, destacando a importância de focar no desempenho esportivo e nos princípios de unidade e universalidade dos Jogos Olímpicos.