Além da recepção ruim do uniforme do desfile, alguns atletas brasileiros reclamaram sobre a falta de itens no enxoval olímpico.
Desde que foi anunciado que a Riachuelo seria a responsável pela produção dos uniformes da delegação brasileira nas Olimpíadas de Paris este ano, a internet se encheu de memes e comentários ácidos, especialmente depois que o resultado veio a público e causou muitas controvérsias.
O conjunto de camisa amarela listrada, jaqueta jeans e calça ou saia branca foi muito criticado pelo grande público, tendo uma repercussão tão grande que levou o presidente da COB, Paulo Wanderley, a se pronunciar:
”Não é Paris Fashion Week, são os Jogos Olímpicos. Então nosso foco está nisso. A gente sempre tem comentários excelentes, basta ver os vídeos dos próprios atletas nas redes sociais”, declarou ele.
Pouco tempo depois a Riachuelo anunciou que os designs feitos para o desfile dos atletas estariam a venda nas lojas por tempo limitado, com peças que custam até 600 reais (aproximadamente), o que apenas inflamou a opinião do público, passando a impressão de que as roupas foram pensadas apenas para o público final a quem seriam repassadas, ou seja, os consumidores da marca de fast fashion.
O que causou a maior controvérsia porém foi que, após ser alvo de muitas críticas, a diretoria de Marketing do Comitê Olímpico do Brasil chegou a dizer que o uniforme levou 2 anos para ficar pronto, e que além disso, a peça da jaqueta jeans é inteiramente artesanal pois foram feitas uma a uma por bordadeiras de Timbaúba dos Batistas, cidade do Rio Grande do Norte, o que não justifica a simplicidade do que foi entregue.
Desfalque de peças
José Fernando Ferraz Balotelli, competidor brasileiro do decatlo, chegou a desabafar em uma postagem no X sobre o uniforme fornecido, mostrando que recebeu apenas um conjunto do unifome para competir durante mais de 20 horas de prova, divididas em dois dias. Além disso, o atleta estava investindo o próprio dinheiro para conseguir sapatilhas, pois estava sem patrocínio.
E esse não foi o único caso: Izabela da Silva, representante brasileira da modalidade de lançamento de disco, também veio a público comentar que recebeu o uniforme desfalcado.
No vídeo compartilhado pela atleta, ela comenta com indignação sobre ter recebido apenas o uniforme masculino, com 19 peças, enquanto o uniforme feminino completo teria 30 peças. Além disso, Izabela conta que não recebeu o top do uniforme, parte essencial da vestimenta, por não haver tamanho maior que o médio (M).
A distribuição de uniformes de competição fica a cargo de cada confederação e do fornecedor escolhido por ela.
A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), que este ano trabalha em parceria com a Puma, se pronunciou dizendo em nota que a quantidade das peças é definida considerando as especificidades e as exigências de cada prova e que o enxoval olímpico dos atletas é composto também por materiais entregues pelo COB.
No caso de Balotelli, o COB se pronunciou respondendo a postagem feita pelo atleta no X, porém no caso da competidora Izabela da Silva estreou sem o uniforme feminino, apesar da CBAt e da Puma terem se pronunciado em nota, afirmando que os uniformes foram produzidos até o tamanho 4GG.
Ginasta sim, designer também
Por outro lado, tivemos bons exemplos de uniforme a encargo de Jade Barbosa, que foi responsável por criar de alguns collants do time de ginástica artística, incluindo o que as atletas usaram na fase classificatória e o da série que as levou a conquistar a medalha de bronze na final por equipes.
Com quase 20 anos integrando a equipe brasileira, a ginasta já assumiu o design dos uniformes nos Campeonatos Mundiais de 2023, 2022 e nas Olimpíadas de Tóquio, em 2021, quando Rebeca Andrade conquistou a medalha de prata.