Estiagem severa provoca impacto em municípios e ameaça cortar o acesso por água no Alto Solimões
O Rio Solimões, um dos principais cursos d’água do Amazonas, atingiu nesta sexta-feira (30) o nível mais baixo já registrado em sua história, com uma cota de -0,94 metro em Tabatinga, na calha do Alto Solimões.
Essa é a maior seca observada na região em pelo menos 40 anos, conforme o monitoramento do Serviço Geológico Brasileiro (SGB), que acompanha as medições desde o final da década de 1970.
A estiagem atual é preocupante, pois afeta a vida das comunidades locais. Os municípios de Benjamin Constant e Atalaia do Norte, por exemplo, estão na ameaça de isolamento, uma vez que dependem do Rio Solimões para o transporte de alimentos, medicamentos e outros suprimentos essenciais.
Segundo o secretário executivo de Defesa Civil de Benjamin Constant, Ricelly Dacio, as embarcações já enfrentam dificuldades para navegar devido ao baixo nível das águas, e produtos básicos estão se tornando inacessíveis.
A estiagem, que está apenas no início, deve se intensificar até o final de outubro. A média para o dia 30 de agosto nos últimos 20 anos é de 2,71 metros, ou seja, o nível atual do rio está quase 4 metros abaixo do esperado para o período.
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Esta situação crítica levou o governo do Amazonas a decretar situação de emergência para todos os 62 municípios do estado na última quarta-feira (28).
Até o momento, cerca de 300 mil pessoas foram diretamente afetadas pela seca em todo o estado. Em resposta, o governo estadual já distribuiu mais de 730 toneladas de alimentos e enviou 200 toneladas de medicamentos e insumos para as regiões mais afetadas, como as calhas dos rios Madeira, Juruá, Purus e Alto Solimões.
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Uma usina de oxigênio foi instalada em Envira, e cilindros de oxigênio foram encaminhados ao hospital de Canutama, para suprir as necessidades médicas locais.
A Gravidade da seca e as consequências
De acordo com o SGB, a seca que atinge o Alto Solimões é um indicativo de que os níveis também deverão baixar nas regiões do Médio e Baixo Solimões nos próximos dias.
O Rio Solimões, que nasce no Peru sob o nome de Rio Marañón, é essencial para a sobrevivência de cerca de 260 mil pessoas nos nove municípios do Alto Solimões. A bacia do Amazonas, da qual o Solimões faz parte, é a maior do mundo, cobrindo mais de 7 milhões de km².
As mudanças climáticas têm alterado drasticamente o comportamento do rio, que depende das chuvas e do derretimento das geleiras dos Andes.
Este cenário ressalta a vulnerabilidade da região diante das alterações climáticas globais, com consequências diretas para as populações locais.