Às 11h30, o dólar à vista subia 1,33%, a 5,9930 reais na venda, depois de bater na máxima 6,0004 reais.
Nesta quinta-feira (28), o dólar à vista ultrapassou a marca de R$ 6,00 pela primeira vez desde a criação do Plano Real, em 1994. A disparada foi impulsionada pela reação negativa do mercado ao pacote de contenção de gastos anunciado pelo governo, que incluiu uma inesperada reforma do Imposto de Renda (IR).
Por volta das 11h30, o dólar à vista registrava alta de 1,33%, sendo cotado a R$ 5,9930 na venda, após atingir a máxima de R$ 6,0004. Paralelamente, o contrato de dólar futuro com vencimento mais próximo negociado na B3 (BVMF:B3SA3) avançava 0,50%, cotado a R$ 5,989.
Na véspera, o mercado já demonstrava nervosismo com as expectativas em torno do pronunciamento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em rede nacional.
Com rumores de que o governo ampliaria a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para rendimentos de até R$ 5 mil mensais, o dólar à vista encerrou a quarta-feira (27) em alta de 1,80%, cotado a R$ 5,9141, marcando então sua máxima histórica.
Após o fechamento dos mercados, Haddad confirmou as medidas esperadas e detalhou um pacote fiscal de contenção de gastos, com impacto estimado de R$ 71,9 bilhões nos próximos dois anos.
Repercussão do mercado
Economistas e analistas interpretaram as iniciativas como insuficientes para lidar com o quadro fiscal do país. Apesar do governo em sinalizar comprometimento com a responsabilidade fiscal, a ampliação da faixa de isenção do IR gerou preocupações sobre perda de arrecadação em um momento de fragilidade econômica.
A forte alta do dólar reflete a aversão ao risco entre investidores, que veem com desconfiança a capacidade do governo de equilibrar contas públicas enquanto implementa medidas de impacto popular.
Especialistas alertam que, sem ações mais robustas para conter o déficit fiscal, a pressão cambial pode se intensificar, impactando a inflação e a política monetária.
O Banco Central (BC), que já lida com desafios no controle dos preços, pode ser forçado a rever a trajetória de juros caso o câmbio permaneça descontrolado.