No ano passado, foram notificados 43.403 casos de infecção pelo HIV
Há quatro décadas começava uma pandemia do vírus HIV no mundo todo. A Aids, doença causada por ele, rapidamente chegou ao Brasil, causando inúmeras mortes.
No início, a doença que baixa a imunidade do corpo, até então pouco conhecida, era tratada com muito preconceito e pouco se sabia sobre como combatê-la, mas com o passar dos anos e com o avanço da medicina, esse tabu foi quebrado.
O Dezembro Vermelho é o mês que simboliza a luta contra o HIV e a Aids. A campanha já começa logo no dia 1° , que é o Dia Mundial de Combate à AIDS.
HIV no Brasil e no mundo
De acordo com o Ministério da Saúde e a Unaids, desde 1980, foram registrados mais de um milhão de casos de infecções por HIV no Brasil. Os estados com maiores taxas são respectivamente: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Santa Catarina.
Até 2022, a Unaids contabilizava 39 milhões de pessoas vivendo com o HIV em todo o mundo. No ano passado, foi registrado 1,3 milhão de novos casos de infecções, das quais 46% são meninas e mulheres de todas as idades.
Do total de pessoas vivendo com HIV, 29,8 milhões (76%) estavam em terapia antirretroviral em dezembro de 2022. Em 2010, o número pessoas em tratamento era de 7,7 milhões.
De 2007 até junho de 2023, foram notificados 489.594 casos de infecção pelo HIV no Brasil, sendo 203.227 (41,5%) na região Sudeste, 104.251 (21,3%) na região Nordeste, 93.399 (19,1%) na região Sul, 49.956 (10,2%) na região Norte e 38.761 (7,9%) na região Centro-Oeste.
No ano passado, foram notificados 43.403 casos de infecção pelo HIV, dos quais 15.064 (34,7%) na região Sudeste, 11.414 (26,3%) no Nordeste, 6.900 (15,9%) no Sul, 6.200 (14,3%) no Norte e 3.825 (8,8%) no Centro-Oeste.
Na série histórica, 345.069 (70,5%) casos foram notificados em homens e 144.364 (29,5%) em mulheres. A razão de sexos sofreu alteração ao longo do tempo: em 2007 era de 14 homens para cada dez mulheres e, a partir de 2020, passou a ser de 28 homens para cada dez mulheres.
Diferença entre HIV e Aids
Apesar de ser uma das doenças sexualmente transmissíveis mais conhecidas do mundo, muita gente não sabe diferenciar Aids de HIV. Para o infectologista Nelson Barbosa da Silva, é preciso explicar a diferença para deixar a conversa sobre o tema ainda mais clara.
“ HIV é o vírus transmissor e a Aids é a doença causada por esse vírus. Uma pessoa portadora do vírus HIV por exemplo, pode levar uma vida normal , sem apresentar qualquer sintoma da doença , ou até mesmo desenvolvê-la. Já quem desenvolve a doença Aids, apresenta vários sintomas de doenças relacionadas a imunidade baixa,m e pode morrer em decorrência delas.” explicou o infectologista.
Tratamento
Com o avanço da tecnologia e dos estudos sobre o HIV, diversos retrovirais foram surgindo ao longo do tempo e a qualidade de vida dos portadores melhorou muito, consequentemente , a taxa de mortalidade por conta da Aids diminuiu no mundo todo e no Brasil.
“ Antes, um portador de HIV chegava a tomar 16 pílulas de medicamentos por dia, e mesmo assim, o vírus continua ativo e prejudicando o organismo do paciente. Nos dias atuais, o tratamento é feito com uma, ou no máximo duas pílulas por dia, e o paciente vive como qualquer outro portador de uma doença crônica, como por exemplo, hipertensos e diabéticos, que conseguem ter uma qualidade de vida com apenas algumas restrições.” completou Nelson Barbosa , que atua na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas.
Ainda de acordo com o especialista, um dos principais problemas ainda tem sido o preconceito em torno da doença , ainda que em menor escala, o que acaba dificultando a busca por tratamento.
“ Esse cenário já mudou muito nos últimos anos, antes, quando falávamos que uma pessoa era portadora do vírus HIV, a sociedade tinha medo até de cumprimentá-la, o que veio mudando com o passar dos anos. Não é que a gente vá dizer que a doença está banalizada, mas as novas informações e a ausência de sintomas em quem segue a risca o tratamento, fazem com que as pessoas deixem de tratar a Aids como um tabu e isso é muito importante para que as pessoas façam exames de identificação e busquem o tratamento o mais rápido possível, sem se preocupar com o julgamento da sociedade.” completou.
Nesse meio tempo, tratamentos alternativos já garantiram a cura de pelo menos seis pessoas em todo o mundo. Em julho deste ano, um homem na Suíça, apelidado de “Paciente de Genebra”, apresentou remissão do vírus HIV após a realização de um transplante de medula óssea. Antes dele, outros cinco pacientes tiveram resultados semelhantes após transplantes anteriormente.
Prevenção
Partindo do ponto em que o HIV é um vírus sexualmente transmissível, a melhor forma de prevenção ainda é o sexo seguro, ou seja, com o uso de preservativos, principalmente pra quem possui várias parceiras ou parceiros.
Mas se formos levar em consideração algumas outras formas de transmissão, como o contato com o sangue infectado pelo HIV, o melhor a se fazer é ter atenção.
No caso de médicos, é preciso sempre se preocupar com agulhas e com a esterilização das mesmas. Isso vale também para usuários de drogas e pessoas que costumam fazer tatuagens, que não devem fazer o compartilhamento dessa agulhas.