A ex-presidente foi impedida de continuar no cargo em 2016 pelo crime de responsabilidade pela prática das chamadas “pedaladas fiscais”
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi premiada com o título de “Mulher Economista 2023”, uma honraria entregue pelos conselhos Federal e Regional de Economia (Sistema Cofecon/Corecons) a profissionais da área que se destacam em suas funções. A decisão foi tomada no último sábado (9) durante uma sessão plenária das entidades.
A entidade afirma que a escolha de Dilma como “Mulher Economista 2023” se deu pelo “reconhecimento do seu legado e expertise no campo econômico, bem como seu papel fundamental na formulação e implementação de políticas que moldaram a trajetória econômica do Brasil”. A ex-presidente foi impedida de continuar no cargo em 2016 pelo crime de responsabilidade pela prática das chamadas “pedaladas fiscais” e pela edição de decretos de abertura de crédito sem a autorização do Congresso.
“Dilma Rousseff, atual presidente do Banco dos Brics, ex-presidente do Brasil e renomada economista, foi escolhida por sua significativa contribuição para o desenvolvimento econômico e social do país ao longo de sua carreira”, explica a entidade em nota.
No entanto, a presidência de Dilma Rousseff foi marcada por uma profunda recessão econômica, alta do desemprego e grave instabilidade política e social. Em 2013, ainda no primeiro mandato da petista, tiveram início os protestos devido à ampla insatisfação social com o governo federal, crise que se agravou nos anos seguintes, quando a Operação Lava Jato trouxe à tona uma enxurrada de escândalos de corrupção em todas as áreas da administração pública.
Em 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro afundou 3,5%, o pior resultado em 25 anos — entre o início daquele ano e o final de 2016, a economia sofreu oito quedas trimestrais consecutivas.
A crise econômica e a gradativa deterioração do diálogo entre Dilma e o Congresso culminaram no impeachment da petista, em agosto de 2016, condenada pela abertura de linhas de crédito suplementar sem aprovação pelo Legislativo e pelas famigeradas “pedaladas fiscais”, quando o governo federal propositalmente atrasou repasses de recursos a bancos e às autarquias com o objetivo de maquiar o rombo nas contas públicas.
Mas, seguundo o Cofecon/Corecons, a escolha de Dilma para receber a honraria se deu em quatro fases, com a indicação pelos conselheiros fiscais, elaboração de uma lista décupla, votação para reduzir a uma lista tríplice e a votação secreta em plenário.
A entidade afirma, ainda, que a premiação à Dilma destaca a “importância de reconhecer e valorizar as mulheres que desempenham papéis relevantes na promoção do desenvolvimento com responsabilidade social”.
Além de Dilma, também já receberam o prêmio as economistas Tania Bacelar, Esther Dweck (atual ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos) e Denise Lobato Gentil.
Dilma assumiu, neste ano, o cargo de presidente do Banco dos Brics por indicação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que articulou a saída antecipada de Marcos Troyjo, indicado por Jair Bolsonaro (PL) e que acabou renunciando no começo do ano. O mandato dele terminaria apenas em 2025.