A falta de clareza sobre os critérios aplicados e a ausência de feedback detalhado dos jurados deixam espaço para especulações e insatisfações.
A vitória do Boi Caprichoso no Festival de Parintins, que resultou em um tricampeonato histórico após 28 anos, levantou uma série de questionamentos e críticas.
A diferença mínima de um décimo entre Caprichoso e Garantido, associada a uma série de falhas e erros técnicos no desempenho do adversário, gerou uma onda de indignação e dúvidas sobre a justiça do julgamento.
É crucial, portanto, discutir como as apurações são feitas, quais são os critérios para os 21 itens avaliados, e como a subjetividade dos jurados pode influenciar o resultado.
A vitória do Caprichoso, embora merecida em muitos aspectos, foi marcada por um contexto competitivo demasiado. O Boi Garantido, em meio a uma fase de reestruturação após gestões desastrosas, enfrentou dificuldades significativas.
Sob a liderança de Fred Góes, o Garantido ainda está em um processo de “arrumação da casa“, o que impactou diretamente sua performance.
A ausência do Garantido no quesito alegoria, por exemplo, deu uma vantagem significativa ao Caprichoso, que se destacou neste aspecto.
A grandiosidade alegórica do Caprichoso impressionou escola de samba Acadêmicos do Salgueiro, do Rio de Janeiro, que anunciou através de sua conta oficial no Instagram a contratação de Jucelino Ribeiro e sua equipe para desenvolver o projeto alegórico do Carnaval 2025.
A decisão veio após uma imersão da equipe na Ilha de Parintins durante o 57º Festival Folclórico, onde foram responsáveis pela construção do impactante Ritual Indígena apresentado pelo Boi Caprichoso na última noite do evento.
A experiência vivenciada promete inspirar os próximos desfiles da escola carioca.
A questão das notas e a avaliação dos jurados
A grande polêmica reside na atribuição das notas. A prática de conceder nota 10 para quase tudo levanta sérias dúvidas sobre a capacidade crítica dos jurados.
Quando um concorrente vence por um décimo de diferença, é essencial garantir que cada ponto atribuído seja justificado com critérios sólidos e transparentes.
Os critérios de avaliação no Festival de Parintins cobrem 21 itens, divididos em categorias que incluem toada, evolução, alegoria, coreografia, entre outros.
No entanto, a falta de clareza sobre como esses critérios são aplicados e a ausência de feedback detalhado dos jurados deixam espaço para especulações e insatisfações.
É fundamental perguntar: até que ponto as notas refletem a realidade do espetáculo apresentado? E como assegurar que não haja influências externas ou subjetivas nas decisões dos jurados?
A importância de uma avaliação transparente e justa
A transparência no processo de avaliação é crucial para manter a integridade do Festival de Parintins. A confiança do público e dos participantes depende de um julgamento justo e bem fundamentado.
Portanto, é necessário revisar e, se necessário, reformular os critérios e procedimentos de apuração. Isso inclui a formação e treinamento dos jurados, garantindo que sejam capacitados para avaliar de maneira técnica e imparcial.
Além disso, a implementação de um sistema de feedback detalhado e público pode contribuir para maior transparência.
Os jurados devem justificar suas notas com comentários específicos, permitindo que os bumbás entendam onde acertaram e onde podem melhorar. Isso não só promove uma competição mais justa, mas também eleva o nível do espetáculo, beneficiando todos os envolvidos.
A vitória do Caprichoso no Festival de Parintins é um marco importante, mas também um lembrete da necessidade de aperfeiçoar o sistema de avaliação.
Confira as notas dos três dias de apresentação do Festival de Parintins