Esse foi o oitavo ciclo de avaliações, feito a cada quatro anos.
Pela primeira vez, crianças brasileiras de 9 anos participaram do Trends in International Mathematics and Science Study (TIMSS), uma avaliação internacional aplicada em 58 países.
O exame, divulgado na última quarta-feira (4), revelou que 51% dos estudantes brasileiros de 9 anos não conseguem realizar contas básicas de Matemática nem medir comprimentos com régua. Na área de Ciência, os resultados são levemente melhores, mas apenas 31% das crianças sabem que a gravidade puxa as coisas para baixo.
Os resultados colocaram o Brasil na 55ª posição entre 58 países em Matemática para o 4º ano do ensino fundamental, à frente apenas de Marrocos, Kuwait e África do Sul, ficando atrás de nações como Irã, Bósnia e Cazaquistão.
Em Ciências, o Brasil teve um desempenho um pouco melhor, ocupando o 51º lugar entre 58 países.
No ranking de Matemática para o 8º ano, o Brasil ficou em penúltimo lugar, à frente somente de Marrocos e atrás da Palestina.
Principais dados do TIMSS
Matemática – 4º ano
- Apenas 49% dos estudantes brasileiros alcançaram o padrão mais baixo, que inclui operações como multiplicação de números de um dígito e medição com régua.
- 16% tiveram desempenho pior do que se tivessem respondido as questões ao acaso.
- 5% não acertaram nenhuma questão.
- 1% atingiu o nível avançado, que exige habilidades como interpretar gráficos e resolver problemas complexos.
- Comparação internacional:
- Em Cingapura, 79% dos alunos chegaram ao nível alto e 49% ao avançado.
- No Chile, 71% alcançaram pelo menos o padrão baixo.
Matemática – 8º ano
- Apenas 38% dos estudantes brasileiros alcançaram o padrão básico.
- 62% não atingiram o padrão mínimo, com 18% apresentando desempenho inferior ao acaso e 5% sem nenhum acerto.
- 1% chega ao nível avançado , que resolve equações que apresentam variáveis com raiz quadrada, expoente e fração.
- Outros 4% ao nível alto, que sabem usar o Teorema de Pitágoras e determinar probabilidades.
- Na Inglaterra, 89% dos alunos estão no nível baixo ou superior, enquanto 42% atingem o nível alto.
- Nos Estados Unidos, são 82% e 26%, respectivamente
Ciência – 4º ano
- 61% alcançaram o nível baixo, com habilidades como identificar que turbinas fornecem eletricidade e reconhecer que a gravidade puxa os objetos para baixo.
- 31% ao nível intermediário, índices bem acima do que se viu em Matemática.
- 9% atingiram o nível alto, compreendendo a propagação de germes e a proporção de água na superfície terrestre.
- 1% chegaram ao nível avançado, com capacidade de prever resultados experimentais e compreender características genéticas.
Ciência – 8º ano
- 58% chegaram ao nível baixo, com habilidades como reconhecer que a água do oceano contém sal e que o Sol fornece luz e calor.
- 27% no intermediário, que confirmam que uma ocorrência química pode produzir gases e afirmar o movimento da Terra que resulta no dia e na noite.
- 8% atingiram o nível alto, demonstrando compreensão sobre desmatamento, mudanças climáticas e sistemas do corpo humano.
- 1% chegaram ao nível avançado, sendo capazes de avaliar substâncias químicas e prever processos físicos.
Impacto e Desafios
“Mais de 15% dos alunos não conseguem fazer a prova de matemática. O que acertaram foi ao acaso, isto é, chute. Isso é muito grave”, alerta Ernesto Faria, diretor-fundador do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede).
Segundo Faria, o foco deve ser na equidade educacional.
“Não é sobre chegar na média dos países desenvolvidos, é sobre dar uma educação que permita dignidade aos nossos estudantes. Não é possível ter 51% dos alunos abaixo do básico enquanto menos de 5% dos alunos de muitos países estão nessa faixa”, avalia.
O TIMSS é organizado pela Associação Internacional para Avaliação do Desempenho Educacional (IEA) em parceria com o Boston College. Cerca de 650 mil estudantes de escolas públicas e privadas participaram da edição de 2023, com provas realizadas no computador.