Além Cleusimar Cardoso e Ademar, outras nove pessoas serão indiciadas por 14 crimes.
A Polícia Civil do Amazonas concluiu o inquérito sobre a morte de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido do Festival de Parintins, e indiciará 11 pessoas por 14 crimes, incluindo tortura com resultado de morte e tráfico de drogas.
Entre os indiciados estão a mãe da vítima, Cleusimar Cardoso, e o irmão Ademar. As informações foram reveladas em coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (20).
A investigação aponta que Djidja morreu devido a uma overdose de cetamina, uma substância de uso veterinário. O grupo é acusado de fornecer, distribuir, incentivar e promover o uso recreativo da droga.
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“Se estivesse viva, Djidja teria sido um dos alvos da Operação Mandrágora. Infelizmente, ela faleceu em decorrência do uso indiscriminado dessa substância”, afirmou o delegado Cícero Túlio.
Envolvimento familiar e da seita religiosa
O inquérito revelou a existência de uma seita religiosa chamada “Pai, Mãe, Vida“, fundada pela família de Djidja. Nos rituais, funcionários da rede de salão de beleza da família eram induzidos a usar cetamina e Potenay, outro fármaco veterinário. As substâncias eram fornecidas por uma clínica veterinária em Manaus.
Os indiciados presos até o momento incluem:
- Ademar Farias Cardoso Neto, 29 anos (irmão de Djidja)
- Cleusimar Cardoso Rodrigues, 53 anos (mãe de Djidja)
- Verônica da Costa Seixas, 30 anos (funcionária do salão)
- Marlisson Vasconcelos Dantas (funcionário do salão)
- Claudiele Santos da Silva, 33 anos (funcionária do salão)
- José Máximo Silva de Oliveira, 45 anos (proprietário da clínica veterinária)
- Emicley Araújo Freitas Júnior (funcionário da clínica)
- Sávio Soares Pereira (funcionário da clínica)
- Bruno Roberto (ex-namorado de Djidja)
- Hatus Silveira (personal trainer da família Cardoso)
Participação e crimes nas investigações
Bruno Roberto, ex-namorado de Djidja, é acusado de se integrar à seita e auxiliar nos cultos. Ele teria apresentado Hatus Silveira à família, que, por sua vez, conectou-os a José Máximo, fornecedor das drogas.
Segundo o delegado, Hatus prometeu assistência física para os usuários da cetamina, mas nunca cumpriu. Hatus também inseriu na utilização da família a Potenay, que, inicialmente, seria para ganho de massa muscular.
Cleusimar e Ademar estudaram os efeitos elementos químicos da Potenay, verificando a forma de usá-la de forma injetável intravenosa para obter alucinações.
Vídeos e conversas em celulares ajudaram a polícia a concluir os abusos e a tortura sofridos por Djidja, bem como o envolvimento dos suspeitos.
“Diversas conversas mantidas nos aparelhos telefônicos a partir dos aplicativos residentes nesses equipamentos eletrônicos atestam a participação de todos eles nesse esquema criminoso”, aponta o inquérito.
As investigações também indicaram que Claudiele auxiliava na administração de drogas aos funcionários, e Marlisson promovia ativamente essa prática. Diversas seringas de cetamina foram encontradas na casa de Marlisson.
O grupo também planejava criar uma comunidade isolada para o uso indiscriminado de cetamina e promoção de cultos religiosos.
A morte de Djidja
Djidja faleceu na madrugada de 28 de maio, e seu corpo foi encontrado por Bruno Lima, preso em 7 de junho. Vídeos mostram Bruno pedindo cetamina a Djidja na noite anterior à sua morte.
Investigações anteriores já indicavam que o grupo distribuía cetamina entre os funcionários dos salões de beleza da família.
O irmão da vítima também é acusado de forçar uma ex-companheira a usar a droga, resultando em um aborto e abuso sexual. Outras duas mulheres relataram estupros sob efeito de drogas fornecidas pelo grupo.
A Polícia Civil continua as investigações e está aberta a declarações da defesa dos suspeitos, ainda não localizados pelo Terra até o momento.