Rede MLC
Saúde

CFF autoriza farmacêuticos a prescrever medicamentos controlados e medida gera debates

A resolução entra em vigor 30 dias após a publicação, ou seja, a partir de 17 de abril. - Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil
Publicidade
Publicidade

Com a nova resolução, os farmacêuticos poderão prescrever também medicamentos de venda sob prescrição, desde que possuam o Registro de Qualificação de Especialista (RQE) em Farmácia Clínica.

O Conselho Federal de Farmácia (CFF) publicou, na última segunda-feira (17), uma resolução que autoriza farmacêuticos a prescrever medicamentos, incluindo aqueles que exigem receita médica. A nova norma, que entra em vigor no próximo mês, amplia as atribuições desses profissionais, mas já enfrenta resistência de entidades médicas, que consideram a medida “ilegal” e “arriscada” para a saúde da população.

Atualmente, farmacêuticos já podem prescrever medicamentos isentos de prescrição (MIP), como remédios para cólicas, resfriados e alergias leves. Além disso, eles têm permissão para indicar medicamentos controlados quando integrados a programas ou protocolos de saúde, como no caso das profilaxias pré e pós-exposição ao HIV (PrEP e PEP).

Publicidade

Com a nova resolução, os farmacêuticos poderão prescrever também medicamentos de venda sob prescrição, desde que possuam o Registro de Qualificação de Especialista (RQE) em Farmácia Clínica. O CFF justifica que a medida visa garantir maior segurança para pacientes e profissionais.

“A Resolução Nº 5/2025 não interfere na atividade médica, ela apenas organiza a prescrição farmacêutica, garantindo que os farmacêuticos atuem dentro de protocolos clínicos bem estabelecidos e embasados na melhor evidência científica disponível”, afirma o conselho.

Quais medicamentos poderão ser prescritos?

A nova norma não permite que todos os farmacêuticos prescrevam qualquer tipo de medicamento. Apenas aqueles com RQE em Farmácia Clínica estarão habilitados para essa função. O CFF ressalta que a resolução aprimora os “instrumentos normativos para a fiscalização e garante maior segurança para pacientes e profissionais”.

Os pacientes poderão consultar se o farmacêutico está habilitado para prescrição diretamente no site do CFF. A resolução entra em vigor 30 dias após a publicação, ou seja, a partir de 17 de abril.

Entidades médicas criticam a medida

O Conselho Federal de Medicina (CFM) classificou a resolução como “absolutamente ilegal” e um risco à saúde da população. Francisco Eduardo Cardoso, conselheiro do CFM, argumenta que o farmacêutico não tem competência legal e técnica para prescrever medicamentos.

“O farmacêutico não tem competência legal e técnica para isso. É um ato de prevaricação. Eles já tentaram isso no passado e a Justiça negou. E isso será levado novamente à Justiça. O argumento de que eles entendem de remédios é insuficiente. São competências complementares”, afirma Cardoso.

Em nota, o CFM reforçou que a prescrição de medicamentos exige diagnóstico e definição de tratamento, competências exclusivas dos médicos, conforme a Lei do Ato Médico. A Associação Paulista de Medicina (APM) também se manifestou contra a medida, classificando-a como uma “invasão silenciosa” de profissionais não habilitados no ato médico.

Argumentos do CFF a favor da prescrição

O CFF defende que a prescrição terapêutica não é uma atividade exclusiva dos médicos e que a nova resolução está respaldada pela Lei Federal nº 13.021/2014, que determina que o farmacêutico deve estabelecer o perfil farmacoterapêutico dos pacientes e acompanhar o tratamento.

“A prescrição farmacêutica é respaldada pela Lei Federal nº 13.021 de 2014, que determina que o farmacêutico tem a obrigação de estabelecer o perfil farmacoterapêutico dos pacientes, além do próprio acompanhamento farmacoterapêutico”, detalha o conselho.

O tema pode parar na Justiça?

Sim, a medida pode ser judicializada. Em 2023, o CFF publicou uma resolução semelhante, que foi derrubada pela Justiça Federal no Distrito Federal. Agora, o CFM já anunciou que adotará medidas legais para bloquear a nova norma.

O CFF, por sua vez, argumenta que a prescrição farmacêutica vem sendo judicializada pelo CFM há 12 anos, mas todas as tentativas de barrar a prática foram frustradas. O conselho afirma que a medida beneficia a saúde pública e o SUS.

Enquanto isso, o CFM promete “responsabilizar os dirigentes do CFF por eventuais danos a pacientes decorrentes dessa norma ilícita”. O debate entre as entidades promete continuar, com possíveis desdobramentos judiciais.

Publicidade

Leia mais

‘Manaus em Movimento’ abre inscrições para 4ª edição com programação ampliad

Lucyana Gadelha

OMS alerta para mortes evitáveis de mães e bebês no Dia Mundial da Saúde

Lucyana Gadelha

Amazonas registra primeira morte por dengue em 2025; casos aumentam 77% no estado

Lucyana Gadelha

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Entendemos que você está de acordo com isso, mas você pode cancelar, se desejar. Aceito Leia Mais