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Economia

Copom eleva a taxa Selic para 11,25% ao ano e aponta maior alta desde 2022

Comitê anunciou a segunda alta seguida; em setembro, havia subido a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual - Foto: Imagem ilustrativa
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Aumento de 0,5 ponto é o maior desde maio de 2022.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, nessa quarta-feira (06), elevar a taxa Selic de 10,75% ao ano para 11,25% ao ano, marcando um aumento de 0,5 ponto percentual. 

A decisão foi unânime entre os membros do comitê e reflete um endurecimento da política monetária com o objetivo de conter a inflação. Esta é a maior alta dos juros básicos desde maio de 2022, quando a Selic havia sido aumentada de forma significativa para combater os efeitos da inflação.

Sede do Banco Central, em Brasília – Foto: Adriano Machado/Reuters

O Banco Central afirmou, em nota, que a decisão foi tomada em um cenário econômico desafiador, principalmente devido à incerteza na economia dos Estados Unidos. 

“O ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica incerta nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed [Banco Central americano]”, destacou o comunicado.

Retorno ao ciclo de alta da Selic

Após um ciclo de cortes iniciado em 2023, quando a Selic estava em 13,75% ao ano, o Copom optou pela estabilização da taxa em 10,5% ao ano em junho deste ano. No entanto, em setembro, o BC surpreendeu o mercado ao anunciar o primeiro aumento dos juros durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Agora, a alta de 0,5 ponto percentual eleva novamente a Selic, o que indica a continuidade do ciclo de aperto monetário iniciado no mês passado.

Sede do Banco Central , em Brasília – Foto: Rafa Nedderrmeyer/Agência Brasil

Em 2024, o mercado financeiro já esperava o aumento de 0,5 ponto percentual na reunião desta quarta-feira, de acordo com as estimativas publicadas no relatórioFocus” do Banco Central.

O mercado prevê que a taxa de juros básica da economia possa alcançar 11,75% ao ano até o fim de 2024, o que sugere que mais aumentos podem ser anunciados até o final do ano.

Impactos da política fiscal e da câmbio

Em seu comunicado, o Copom também chamou atenção para as incertezas envolvendo a política fiscal brasileira. A autarquia afirmou que está monitorando de perto o impacto das incertezas fiscais sobre os ativos financeiros e os preços. 

“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária, disse o comunicado.

Além disso, a instabilidade na taxa de câmbio também foi mencionada como um fator de pressão sobre a inflação. Nos últimos dias, o dólar teve uma valorização considerável, com alta de 16,93% no ano — impacto direto sobre os preços de produtos importados e também influencia o comportamento dos preços internos.

Projeções e expectativas futuras

O Copom alertou que as futuras decisões sobre a Selic dependerão da evolução da inflação e das expectativas em relação à política monetária. 

“O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, afirmou a nota.

A próxima reunião do Copom está agendada para os dias 10 e 11 de dezembro, quando será reavaliada a situação econômica e a necessidade de novos ajustes na Selic.

O aumento da Selic ocorre também em um momento de transição na liderança do Banco Central. Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária, foi aprovado para assumir a presidência da instituição a partir de 2025.

A indicação foi vista como parte de um esforço para garantir a continuidade das políticas monetárias necessárias para o controle da inflação e estabilidade econômica do país.

 

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