O dólar interrompeu uma sequência de altas e operava em queda nesta quinta-feira (13), refletindo as novas declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o controle de gastos públicos.
Após uma reação negativa dos mercados na quarta-feira (12), quando o dólar chegou a R$ 5,42, Haddad afirmou que a equipe econômica intensificará a agenda de revisão de despesas nas próximas semanas.
“Estamos dispostos a cortar privilégios“, afirmou o ministro em entrevista a jornalistas. Ele ressaltou que medidas como a redução de supersalários e a correção de benefícios irregulares estão em discussão.
Às 14h05, o dólar caía 0,75%, cotado a R$ 5,3662. Na quarta-feira, a moeda norte-americana subiu 0,86%, alcançando R$ 5,4066, o maior patamar desde janeiro de 2023.
Com o resultado, o dólar acumulou altas de 1,55% na semana, 3% no mês e 11,42% no ano.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa brasileira, operava sem direção única. No mesmo horário, subia 0,01%, aos 119.949 pontos.
Na quarta-feira, o Ibovespa caiu 1,40%, aos 119.936 pontos. O índice acumulou quedas de 0,69% na semana, 1,77% no mês e 10,62% no ano.
Impacto das declarações de Haddad e contexto fiscal
A percepção de risco interno aumentou em meio às incertezas fiscais. Haddad afirmou que a equipe econômica apoiará o Senado na análise de medidas para compensar a desoneração da folha de pagamentos e a redução da contribuição previdenciária de parte dos municípios.
“Recebi a ministra Simone Tebet e discutimos a nossa relação com o Senado, o apoio que vamos dar para a compensação. Todas as propostas serão analisadas por nós para medir o impacto”, declarou Haddad.
As falas ocorrem após o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, devolver ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trechos da Medida Provisória do PIS-Cofins, considerada uma derrota para o governo.
A decisão de Rodrigo Pacheco foi interpretada como um revés para o governo e, particularmente, para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A MP buscava cobrir perdas de arrecadação com a manutenção da desoneração da folha de pagamento, estimando um aumento de R$ 29 bilhões na arrecadação em 2024.
Indicadores econômicos e cenário internacional
Investidores repercutiam novos dados de varejo do IBGE, que mostraram crescimento das vendas varejistas brasileiras pelo quarto mês consecutivo em abril, atingindo o maior patamar da série histórica.
No cenário internacional, os investidores continuam a repercutir a decisão do Federal Reserve (Fed) de manter as taxas de juros dos EUA inalteradas na faixa entre 5,25% e 5,50%, o maior patamar desde 2001.
O Fed sinalizou apenas um corte de juros em 2024, apesar da inflação ao consumidor nos EUA ter sido menor do que o previsto em maio.
As falas do ministro Haddad e a decisão do Fed sobre os juros continuam a influenciar os mercados. Nas próximas semanas, o foco de Haddad será a revisão das despesas, com o objetivo de identificar e cortar privilégios, como supersalários e benefícios indevidos.