Ao lado de outros “pais do Real”, economista participou de evento em celebração aos 30 anos do Plano, em São Paulo.
Em uma celebração dos 30 anos do Plano Real realizada na capital paulista nesta segunda-feira (24), Edmar Bacha, um dos arquitetos do Plano Real, comentou sobre as dificuldades que enfrentaria para negociar os termos do plano nos dias de hoje.
Bacha afirmou que o processo seria “menos agradável” atualmente, uma vez que os textos teriam de ser aprovados pelo chamado “Centrão”.
O evento contou com a presença de outros economistas que foram fundamentais na criação do Plano Real: Pérsio Árida, Pedro Malan, Gustavo Franco e Armínio Fraga.
Juntos, eles relembraram o contexto político e os desafios enfrentados durante a implementação do plano que estabilizou a economia brasileira.
Na época do governo Itamar Franco, para garantir a aprovação das medidas provisórias necessárias para o Plano Real, o governo precisou negociar principalmente com parlamentares do PMDB, PFL e PSDB.
Segundo Bacha, as negociações ocorreram especialmente com o PMDB, destacando lideranças como a do jurista Nelson Jobim.
“Hoje seria com o Centrão. Certamente, menos agradável”, comentou Bacha, referindo-se à complexidade do cenário político atual.
A criação do real
O Plano Real, que completa 30 anos no próximo dia 1º de julho, começou a ser desenhado em fevereiro de 1994, quando a equipe de economistas liderada por Fernando Henrique Cardoso (FHC) introduziu a Unidade Real de Valor (URV), uma espécie de dólar virtual.
Em julho de 1994, a URV foi transformada no real, uma nova moeda que surgiu livre da hiperinflação que assolava o país.
Durante o evento, Edmar Bacha avaliou que, em termos de eficácia das negociações, o resultado seria “um a um”.
Ele acredita que, enquanto a introdução da URV enfrentaria menos resistência nos dias de hoje, a implementação de medidas como o corte de 20% das receitas orçamentárias seria mais desafiadora devido à rigidez dos gastos atuais
“A entrada da URV em ação teria menos resistência hoje, porém o corte de 20% das receitas orçamentárias, em meio à rigidez dos gastos atual, encontraria mais obstáculos”, afirmou Bacha.
O Plano Real é amplamente reconhecido como uma das mais importantes reformas econômicas do Brasil, responsável por debelar a hiperinflação e estabilizar a economia.
O evento em São Paulo foi uma oportunidade para refletir sobre esse legado e discutir os desafios econômicos e políticos contemporâneos.