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Saúde

Estudo aponta aumento de casos e de agressividade de câncer de mama entre jovens

No Brasil, o número de casos de câncer de mama em mulheres jovens é de 11,9%. - Foto: Reprodução
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O câncer de mama é considerado ‘jovem’ quando acontece em pessoas com menos de 50 anos.

Um estudo da BMJ Oncology aponta que os casos de câncer em pessoas com menos de 50 anos cresceram 79,1% pelo mundo nas últimas três décadas, de 1990 a 2019, saltando de 1,82 milhão para 3,26 milhões.

Já no Brasil, entres os anos de 2000 a 2020, o Observatório do Câncer, – registro que reúne dados dos pacientes tratados no A.C. Camargo Cancer Center -, mostra que o número de casos de câncer de mama em mulheres jovens (abaixo dos 40 anos) é de 11,9%.

Dos 13.385 casos tratados na instituição, 1.594 eram mulheres jovens. O câncer de mama é considerado ‘jovem’ quando acontece em pessoas com menos de 50 anos.

O registro mostra que entre as pacientes com menos de 40 anos, 11% estavam com câncer in situ (tumor presente apenas no local inicial). Os outros 89% dos casos já estavam com câncer invasivo.

Outra pesquisa do período entre 2010 e 2019, publicada no The Journal of the American Medical Association (JAMA), apontou um aumento de 19,4% nos diagnósticos entre mulheres de 30 a 39 anos, e de 5,3% entre 20 a 29 anos.

O mastologista Renato Cagnacci Neto, coordenador da Comissão de Neoplasias da Mama da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica e médico do A.C. Camargo Cancer Center, explica que “aos chegar aos 50 anos, qualquer mulher, apenas pelo sexo biológico, já tem 12% de chance de ter a doença“.

O especialista aponta ainda que depois deste, o grupo mais afetado são mulheres com idade entre 40 e 50 anos.

Causas do câncer em jovens

O mastologista Cagnacci Neto explica que para uma célula cancerígena surgir, é necessário que haja um dano no DNA, que pode ocorrer de duas maneiras:

  • A primeira delas pode ser adquirida ao longo da vida: modo de viver pouco saudável, falta de exercício físico, má alimentação e tabagismo.
  • A outra maneira, que explica o surgimento da doença em jovens, tem a ver com uma predisposição ao câncer.

O especialista aponta que existe uma forte associação com a presença de um defeito genético desde o nascimento. Quando alguém nasce com essa alteração, está predisposto ao desenvolvimento da doença.

O autoexame das mamas é o primeiro passo para detectar precocemente a doença. – Foto: Reprodução

O mastologista Renato Cagnacci Neto acrescenta que as mudanças no acesso dos serviços de saúde como uma das possíveis razões para o aumento nos casos.

De acordo com o médico “o acesso à saúde ficou melhor nas últimas décadas, assim como o acesso à informação, especialmente com a facilidade de informações disponíveis na internet”.

“Esses fatores contribuem para um maior número de diagnósticos, portanto, essa tendência de aumento do câncer não pode ser atribuída apenas a fatores biológicos”, completou o mastologista. 

Amamentação

A ginecologista obstetra e mastologista, Karina Belickas Carreiro, também aponta que um fator que poderia estar contribuindo para mais jovens sofrerem com a doença é o fato da maternidade tardia ter se tornado mais comum, privando as mulheres da amamentação.

Os níveis de estrogênio, um hormônio que está relacionado ao crescimento das células de câncer de mama, diminuem no corpo da mulher durante a amamentação.

Menos exposição a esse hormônio ao longo da vida reduz o risco de câncer de mama, ainda que não seja uma garantia de que essa mulher não terá câncer.

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) também mostra que os processos da amamentação promovem a eliminação e renovação de células que poderiam ter lesões no material genético diminuindo assim as chances de câncer de mama na mulher.

Câncer mais agressivo

Um estudo do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) avaliou 493 mulheres jovens (abaixo dos 41 anos) diagnosticadas com câncer de mama e mostrou que as pacientes examinadas, em sua maioria, tinham tumores mais agressivos do que mulheres com 50 anos ou mais.

A avaliação da médica Karina Belickas Carreiro explica que isso pode ser atribuído à demora na detecção e ao próprio perfil dos tumores em mulheres jovens, que muitas vezes são mais agressivos e têm uma evolução mais rápida.

Mutações genéticas são bem conhecidas por estarem relacionadas ao câncer em mulheres mais novas e serem mais agressivos, como a no gene chamado BRCA, que a atriz Angelina Jolie possui.

A atriz realizou o teste genético, pois tinha histórico familiar: mãe, avó e tias maternas que tinham falecido de câncer de mama ou ovário. – Foto: Reprodução

Outro exemplo é o câncer de mama negativo para receptores hormonais, que tem crescimento mais rápido e há menos opções de tratamento.

Outro tipo é o câncer de mama no qual as células cancerosas possuem um receptor chamado HER2, que estimula um crescimento mais agressivo da doença.

Em casos de tumores mais agressivos, quanto mais cedo a doença é descoberta, melhor é o prognóstico.

“Ao analisar os dados da nossa pesquisa, ficou evidente que as mulheres estavam sendo negligenciadas em relação ao tempo transcorrido desde a percepção dos sintomas até o diagnóstico do câncer”, afirma Karina Belickas Carreiro.

O estudo apontou que o período de espera médio era de aproximadamente seis meses.

Segundo a especialista, a maioria das mulheres notava alguma alteração no corpo, mas muitas vezes não atribuíam a devida importância a essas mudanças.

Além disso, quando buscavam uma consulta, o médico não considerava a possibilidade de câncer devido à ideia de que mulheres jovens não poderiam desenvolvê-lo.

Assim, a média explica que a resposta ao tratamento para duas mulheres com tumores de tamanho semelhante, uma mais jovem e outra entre 49 e 60 anos, era frequentemente desigual, com a paciente mais jovem tendo um prognóstico menos favorável.

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