Limite para 2024 é de 4,50%; Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ficou em 0,21% em junho, de acordo com o IBGE.
A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma taxa de 4,23% no acumulado dos últimos 12 meses encerrados em junho. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nessa quarta-feira (10).
Esse valor supera os 3,93% observados na taxa anualizada imediatamente anterior e coloca o IPCA próximo do teto do intervalo permitido para a meta de inflação estabelecida para 2024, que é de 3% com uma margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Na prática, pode alcançar até 4,50% ao final de dezembro para cumprir o limite.
Em junho, o IPCA registrou um aumento de 0,21%, uma desaceleração em comparação com maio, quando o índice foi de 0,46%.
Em contrapartida, em junho de 2023, houve uma deflação de 0,08%. No acumulado do primeiro semestre de 2024, a inflação está em 2,48%.
A aceleração da inflação acima do esperado coloca desafios para a política econômica brasileira. O Banco Central (BC), responsável por manter a inflação dentro da meta, pode ser pressionado a ajustar a taxa de juros para conter a alta dos preços.
Inflação em Junho
O resultado de junho ficou abaixo da mediana das projeções dos analistas do mercado financeiro, que esperavam uma taxa de pelo menos 0,3% no mês.
A maior variação foi observada no grupo de saúde e cuidados pessoais, com um aumento de 0,54%.
O setor de alimentação e bebidas teve o maior impacto, contribuindo com 0,10 ponto percentual.
Segundo o IBGE, 7 dos 9 grupos de produtos e serviços registraram alta em junho. O grupo de alimentação e bebidas no domicílio desacelerou de 0,66% em maio para 0,47% em junho.
- Alimentação e Bebidas
Esse grupo teve o maior impacto em junho, embora a alta tenha desacelerado para 0,44%, comparada a 0,62% em maio.
No segmento de alimentação no domicílio, os preços subiram 0,47%, contra 0,66% no mês anterior. Alguns itens apresentaram quedas notáveis, como cenoura (-9,47%), cebola (-7,49%) e frutas (-2,62%).
Houve aumentos significativos nos preços da batata inglesa (14,49%), leite longa vida (7,43%) e arroz (2,25%).
- Saúde e cuidados pessoais
Esse grupo teve a maior variação, com um avanço de 0,54%, porém menor que os 0,69% registrados em maio. Os aumentos de preços mais influentes foram os de perfumes (1,69%) e planos de saúde (0,37%).
- Serviços
A inflação de serviços mostrou um alívio significativo, com uma variação positiva de apenas 0,04% em junho, em comparação aos 0,40% de maio.
Em 12 meses, a alta acumulada foi de 4,49%, ainda acima do índice geral.
Índice de difusão e perspectivas
O índice de difusão, que mede a disseminação das variações de preços, caiu para 52% em junho, comparado a 57% em maio. Isso indica uma menor abrangência das altas de preços no período.
O Banco Central tem expressado preocupações com alta das expectativas de inflação. Em resposta, manteve a taxa básica de juros Selic em 10,5% no mês passado, interrompendo o ciclo de afrouxamento monetário.
A desvalorização do real em relação ao dólar e um mercado de trabalho aquecido são fatores adicionais que podem pressionar a inflação de serviços.
Segundo a pesquisa Focus do BC, o mercado projeta uma alta do IPCA de 4,02% para este ano, com uma previsão de 3,88% para 2025.