A troca de provocações entre Javier Milei e Lula adiciona um novo capítulo às tensões políticas entre a Argentina e o Brasil.
Nesta sexta-feira (28), o presidente da Argentina, Javier Milei, declarou a repórteres que não irá pedir desculpas ao presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Lula afirmou nesta semana que Milei “falou muita bobagem“ e deveria se desculpar com ele e com o Brasil.
Milei, durante uma entrevista ao canal La Nación +, reafirmou suas críticas a Lula, chamando-o de “corrupto“ e “comunista“.
Quando questionado sobre as declarações do presidente brasileiro, Milei respondeu: “Qual é o problema que o chamei de corrupto? Por acaso ele não foi preso por isso? E o que eu disse… Comunista? Por acaso não é comunista? Desde quando tem de pedir perdão por dizer a verdade? Ou estamos tão doentes de correção política que não se pode dizer nada para a esquerda ainda quando for verdade?”.
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Ele acrescentou que a troca de acusações entre os dois presidentes é uma “discussão pequena” e comparou a situação a uma briga de “pré-adolescentes”.
Milei também criticou o que chamou de “ego inflado” de um “zurdito” – termo pejorativo que pode ser traduzido como “esquerdinha”.
Contexto da polêmica
A tensão aumentou na quarta-feira (26), quando Lula, em entrevista ao site UOL, afirmou que Milei deveria pedir desculpas pelas declarações feitas durante a campanha eleitoral argentina contra Sergio Massa.
Lula mencionou os foragidos dos atos de vandalismo dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília, que fugiram para a Argentina, e sugeriu que Milei deveria abordar o assunto.
Lula disse: “Eu não conversei com o presidente da Argentina porque acho que ele tem que pedir desculpas ao Brasil e a mim, ele falou muita bobagem, só quero que ele peça desculpas”.
O porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni, comentou na mesma quarta-feira que o presidente argentino não tinha razões para se desculpar.
Adorni declarou: “O presidente argentino Javier Milei não fez nada do que tenha que se arrepender, pelo menos por enquanto”.
Adorni também negou a existência de um “pacto de impunidade” entre o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) e o atual presidente argentino para garantiria asilo político aos investigados e condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023.
Ele afirmou: “Se a Justiça do Brasil solicita à Argentina determinada questão, será uma decisão da Justiça local qual a medida a se tomar. A Justiça local não se aparta da lei”.
A troca de provocações entre Javier Milei e Lula adiciona um novo capítulo às tensões políticas entre a Argentina e o Brasil. Com ambos os presidentes firmes em suas posições, o clima diplomático entre os dois países permanece tenso.