Mês de comemoração ao Dia Internacional da Mulher, data que ressalta a atuação feminina na sociedade. Nesse sentido, é visível o crescente destaque feminino em cargos e atividades que antes eram majoritariamente masculinos.
No setor agropecuário, no qual essa diferença é culturalmente mais forte, o número de produtoras na condução de propriedades rurais cresceu 38% de 2006 a 2017, segundo o último Censo Agropecuário, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O aumento gradativo do protagonismo feminino no campo também fez avançar outro tema de extrema relevância para o desenvolvimento do País: a sustentabilidade. De acordo com pesquisa realizada pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV EAESP, que avaliou a atuação feminina em cargos de liderança, as mulheres tendem a se preocupar mais com as questões sustentáveis do que os homens.
Para Elaine Cristina Magário, que trabalha há mais de duas décadas com a produção de bananas nas cidades de Sete Barras, Pariquera-Açu e Registro, no Vale do Ribeira, e em Janaúba, norte de Minas Gerais, o cuidado com a sustentabilidade vem desde o início de suas atividades no campo, quando utilizava os descartes das frutas que não iam para o varejo, encaminhadas para a alimentação dos animais da atividade pecuária das propriedades.
Atualmente, também investe em soluções que promovem maior produtividade e ao mesmo tempo beneficiam o meio ambiente. É o caso do fertilizante orgânico utilizado nos bananais. O insumo, produzido pela Tera Ambiental a partir da compostagem do lodo gerado no tratamento de esgotos, é ambientalmente sustentável, pois têm origem na reciclagem de resíduos orgânicos urbanos, industriais e agroindustriais.
“Naturalmente, as mulheres tendem a ter maior sensibilidade e engajamento com as questões ambientais e é dessa forma que estão quebrando paradigmas e ganhando força no mercado. É fundamental que o exemplo delas seja seguido para que as atividades agrícolas, bem como as demais atividades que movimentam o País, estejam cada vez mais pautadas na sustentabilidade e economia circular”, ressalta Lívia Baldo, especialista em gestão de resíduos e gerente da Tera Ambiental.
Dias de campo
Elaine enfatiza que no início não foi fácil participar de dias de campo e palestras em que era praticamente a única mulher, mas que isso nunca a limitou ou a impediu de ir em busca de conhecimento e novas tecnologias. “Nesses 23 anos de atuação, conheci muitas mulheres incríveis em todos os setores da cadeia. Produtoras rurais, representantes comerciais e professoras universitárias que me inspiram cada dia mais a buscar maior produtividade, variedade e a expandir a produção que temos atualmente”.
As mulheres vêm se destacando no campo e hoje elas estão presentes em todas as etapas do processo de produção. “Desde o plantio, embalagem e comercialização temos mulheres que, com muita dedicação e competência, têm desempenhado muito bem o seu papel” pontua Elaine.
De acordo com ela, a falta de mão de obra masculina abriu oportunidades para as mulheres mostrarem o seu trabalho. “Sabiamente, souberam abraçar a chance e cada dia mais estão conquistando o seu espaço em cargos de liderança, que antes eram de domínio masculino. E nós, produtoras rurais, ficamos honradas de poder ter em nossa equipe tantas profissionais e mães dedicadas caminhando ao nosso lado”, conclui.