A Águas de Manaus e a Prefeitura de Manaus apresentaram um plano de ação para garantir o abastecimento de água durante a seca de 2024.
Com 355 anos de história, Manaus, a maior cidade da região Norte do Brasil, continua enfrentando desafios no setor de saneamento básico. Apesar de abrigar mais de 2 milhões de habitantes e desempenhar um papel crucial na economia local, a capital amazonense ainda luta para garantir condições adequadas de saúde e qualidade de vida para sua população.
Segundo o Instituto Trata Brasil, Manaus ocupa a 86ª posição no Ranking do Saneamento 2024, entre as 100 maiores cidades do país. Mais de 1,5 milhão de manauenses não têm acesso à coleta de esgoto, e apenas 21,8% do esgoto gerado na cidade é tratado.
A precariedade impacta diretamente a saúde pública. Em 2022, mais de 1,6 mil internações foram registradas por doenças de veiculação hídrica, gerando gastos de R$ 1 milhão, conforme o DATASUS.
Apesar do investimento médio por habitante de R$ 115,66 — superior à média nacional —, o valor é insuficiente para atender às exigências do Novo Marco Legal do Saneamento. Com a meta de universalizar o acesso à água tratada para 99% da população e a coleta e tratamento de esgoto para 90% até 2033, Manaus precisa intensificar esforços e direcionar mais recursos para o setor.
O impacto da estimativa de 2024 no saneamento
A crise hídrica de 2024 trouxe novos desafios para Manaus e outras cidades do Amazonas. Com a seca severa que atingiu o estado, muitos igarapés e rios que abasteceram a capital sofreram redução drástica no volume de água.
O Rio Negro atingiu a menor marca registrada, alcançando 12,66 metros em Manaus, a menor marca em 122 anos. A seca histórica afetou todos os 62 municípios do estado, que decretaram situação de emergência.
A estimativa também agravou a poluição em cursos d’água urbanos. A baixa vazão dificultou a diluição de efluentes não tratados, expondo ainda mais os impactos da ausência de saneamento adequado.
Além disso, a crise hídrica destacou a vulnerabilidade de comunidades ribeirinhas e áreas periféricas, que dependem diretamente dos recursos hídricos para atividades diárias.
Saneamento básico como eixo estratégico para o futuro
O acesso pleno ao saneamento em Manaus não é apenas uma questão de saúde pública, mas também de preservação ambiental e desenvolvimento sustentável.
Localizada no coração da Amazônia, a cidade tem uma responsabilidade global na conservação de um dos biomas mais importantes do planeta.
Investir em infraestrutura de água e esgoto vai além de reduzir índices de doenças e internações; significa também proteger os recursos hídricos que abastecem a cidade e preservar o equilíbrio ambiental da região.
A Águas de Manaus tem desempenhado um papel importante nesse cenário, liderando projetos para ampliar a cobertura de saneamento e reduzir perdas no sistema de abastecimento.
Somente este ano 2024, mais de R$ 355 milhões estão sendo investidos no setor, o maior valor anual desde a privatização nos anos 2000. A Águas de Manaus, atendida na cidade desde 2018, busca transformar o saneamento básico e ampliar o acesso a água e esgoto.
A Águas de Manaus e a Prefeitura de Manaus apresentaram um plano de ação para garantir o abastecimento de água durante a vazante histórica do Rio Negro em 2024.
A estrutura de captação foi adaptada, com rebaixamento de bombas e aquisição de equipamentos flutuantes para manter a produção diária de 700 milhões de litros de água para os mais de 2 milhões de moradores da cidade.
A operação, iniciada em abril, envolve mais de 30 profissionais, a concessionária, a Prefeitura e a Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados do Município de Manaus (Ageman) .
Em 2023, ações emergenciais evitaram interrupções no conveniente e, em 2024, medidas mais robustas foram inovadoras. Além disso, a Águas de Manaus fornecerá água para comunidades ribeirinhas afetadas pela seca.
Com a combinação de políticas públicas eficazes, participação de iniciativa privada e maior engajamento da sociedade, Manaus pode transformar o cenário atual em um modelo de sustentabilidade para o país.