O principal suspeito é Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, padrasto de uma das vítimas.
Maria Gabriela da Silva, de apenas 4 anos, faleceu na noite de terça-feira (21) após mais de 20 dias internada no Hospital de Urgência de Teresina (HUT). A criança foi vítima de envenenamento causado por uma substância tóxica semelhante ao chumbinho, misturada ao arroz consumido pela família no início de janeiro, em Parnaíba, litoral do Piauí.
O hospital confirmou o óbito na manhã desta quarta-feira (22). Maria Gabriela estava internada na UTI pediátrica do HUT desde 3 de janeiro e apresentou piora no quadro na última terça-feira (14).
Além dela, outros quatro membros da mesma família também morreram, incluindo a mãe, dois irmãos e um tio. No ano passado, outros dois irmãos da menina faleceram em circunstâncias similares, também envenenados.
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Almoço fatal
No dia 1º de janeiro, nove integrantes da família compartilharam uma refeição com arroz envenenado, preparado no dia anterior como parte de uma ceia de Réveillon. Na ocasião, ninguém apresentou sintomas.
Contudo, ao ser requentado e consumido no almoço do dia seguinte, oito pessoas passaram mal, e uma delas faleceu antes de chegar ao hospital.
O principal suspeito é Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, padrasto de uma das vítimas. Ele chegou a ser internado junto com a família, apresentando supostos sintomas de envenenamento, mas recebeu alta no mesmo dia e foi preso temporariamente em 8 de janeiro.
Francisco nega envolvimento no crime, embora tenha admitido sentir “nojo e raiva” da enteada e dos filhos dela. De acordo com a polícia, ele fingiu ter sido envenenado e consumiu arroz de uma panela separada.
Francisco de Assis também está sendo investigado pelas mortes de Ulisses Gabriel e João Miguel Silva, de 8 e 7 anos, ocorridas em agosto e novembro de 2024. Na época, a vizinha Lucélia Maria da Conceição Silva chegou a ser presa, mas foi liberada após um laudo pericial afastar a possibilidade de envolvimento dela no crime.
A Justiça deu prazo até sexta-feira (24) para que a Polícia esclareça se a demora no laudo prejudicou as investigações. Uma audiência de instrução e julgamento está marcada para quinta-feira (23), quando o caso pode tomar novos rumos.
Vítimas do caso
- Francisca Maria da Silva, 32 anos (mãe de Maria Gabriela) – falecida
- Manoel Leandro da Silva, 18 anos (tio) – falecido
- Maria Gabriela da Silva, 4 anos – falecida
- Maria Lauane da Silva, 3 anos (irmã) – falecida
- Igno Davi da Silva, 1 ano e 8 meses (irmão) – falecido
- Francisco de Assis Pereira da Costa, 53 anos (padrasto) – preso como suspeito
- Uma adolescente de 17 anos (tia) – recebeu alta
- Maria Jocilene da Silva, 32 anos (vizinha) – recebeu alta
- Um menino de 11 anos (filho de Maria Jocilene) – recebeu alta
Laudo confirma uso de veneno proibido
Segundo o Instituto de Medicina Legal (IML), a substância utilizada no envenenamento foi o terbufós, um pesticida de alta toxicidade proibido no Brasil.
O veneno compromete o sistema nervoso, provocando convulsões, falta de ar e cólicas, podendo deixar sequelas neurológicas ou levar à morte em curto prazo.
A polícia acredita que o veneno foi adicionado ao arroz no próprio dia 1º de janeiro, já que a mesma refeição foi consumida no Réveillon sem causar mal-estar.