O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, definiu aumento da projeção como “notícia bastante ruim para o BC”
Pela primeira vez em quase um ano, o mercado ajustou suas projeções de inflação para 2026. Após 46 semanas de estabilidade, a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu de 3,50% para 3,58%, segundo o Relatório Focus divulgado pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira (27).
Esse aumento, embora aparentemente modesto, foi considerado uma “notícia bastante ruim para o BC“, conforme comentou o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, na semana passada.
O Relatório Focus, que reúne projeções de economistas do mercado financeiro, é uma ferramenta crucial para o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, responsável por definir a taxa básica de juros, a Selic.
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Na última reunião do Copom, realizada nos dias 7 e 8 de maio, a Selic foi reduzida em apenas 0,25 ponto percentual, passando de 10,75% para 10,50% ao ano. Esse corte foi mais tímido do que a redução de 0,50 ponto percentual esperada anteriormente tanto pelo mercado quanto pelo próprio Copom.
Revisões para 2024 e 2025
Além do aumento da projeção para 2026, o Relatório Focus também trouxe revisões para os anos de 2024 e 2025. Para 2024, a expectativa de inflação subiu para 3,86%, comparada aos 3,80% previstos na semana anterior e 3,76% na semana retrasada. Já para 2025, a estimativa passou de 3,74% para 3,75%, enquanto há três semanas estava em 3,66%.
As previsões para a cotação do dólar também foram revisadas para cima. Pela segunda semana consecutiva, os analistas consultados pelo BC aumentaram a projeção para o final de 2024.
Agora, espera-se que a moeda americana encerre o ano cotada a R$ 5,05, em comparação aos R$ 5,04 previstos na semana passada e R$ 5,00 nas semanas anteriores.
Essas revisões nas expectativas de inflação e na cotação do dólar refletem um cenário de maior cautela por parte dos analistas econômicos. O aumento nas projeções de inflação pode indicar pressões inflacionárias persistentes, enquanto a valorização do dólar sugere uma percepção de maior risco ou incerteza econômica.