Devemos valorizar plenamente o trabalho invisível realizado por essas mulheres, tanto dentro quanto fora de casa, e apoiá-las em sua jornada de equilibrar casa e carreira
No Dia das Mães, é fundamental reconhecer e homenagear as mães que desempenham papéis importantes tanto dentro quanto fora de casa. Devemos refletir não apenas sobre suas conquistas, mas também sobre os desafios persistentes que as mulheres enfrentam, especialmente aquelas que realizam com maestria o ‘trabalho invisível’ em seus lares.
As mulheres que trabalham fora de casa gastaram quase 80% a mais de seu tempo em ações domésticas do que os homens, de acordo com um estudo recente do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pesquisa é referente às estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil, e revelou que, em 2022, as mulheres empregadas dedicaram em média 19,5 horas semanais para atividades domésticas e cuidados com pessoas, enquanto os homens dedicaram apenas 11 horas, o que significa uma diferença de 8,5 horas a menos para os homens.
O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2023 colocou em destaque a economia do cuidado, revelando um cenário de exaustão e subvalorização enfrentado pelas mulheres.
Esse termo abrange as atividades de afazeres domésticos e cuidado com pessoas, evidenciando tanto o trabalho remunerado de empregadas domésticas e babás quanto as múltiplas jornadas das mulheres que precisam conciliar o trabalho fora de casa com as responsabilidades domésticas.
Empreendedorismo, maternidade e equilíbrio: A jornada de Rayanne Donato
Rayanne Donato é um exemplo vivo de como é possível conciliar a vida profissional agitada com os compromissos familiares. Aos 24 anos, casada há um ano e meio e mãe de dois filhos, essa empreendedora nata enfrenta os desafios do mundo dos negócios enquanto prioriza a qualidade do tempo com sua família.
Recentemente, a manauara Rayanne e seu marido, o mineiro Alexander Donato, 30, decidiram iniciar uma nova fase de suas vidas em Alphaville, São Paulo, onde administram juntos associações de proteção veicular. Essa mudança, embora desafiadora, demonstra a determinação e a visão empreendedora do casal.
Durante a semana, Rayanne enfrenta uma rotina agitada, mas busca uma maneira de equilibrar suas responsabilidades profissionais com a vida familiar. A empresária destaca a importância de estarem juntos na hora do almoço e de reservarem tempo de qualidade com as crianças. Para ela, é apenas uma questão de organização.
“Acredito que é questão de organização, para não pesar muito o trabalho e esquecer da família, principalmente das crianças que precisam tanto da nossa atenção”, disse Rayanne.
Apesar dos desafios, Rayanne é uma voz de incentivo para outras mães empreendedoras. Ela ressalta a importância de não se culpar e de perseguir os sonhos profissionais, lembrando que é possível ser mãe, esposa e mulher de negócios ao mesmo tempo.
“Se você for como eu, que não consegue ficar somente em casa, retome sua vida, e seus filhos irão lhe agradecer no futuro. Aliás, todo esforço é por eles”, falou em incentivo às mães.
Além de inspirar outras mães, Rayanne também destaca a importância das empresas implementarem programas de apoio específicos para mães trabalhadoras. Essas iniciativas ajudam a garantir que as mulheres possam avançar em suas carreiras enquanto equilibram suas responsabilidades familiares.
“Essas medidas ajudam a garantir que as mães possam continuar avançando em suas carreiras enquanto equilibram suas responsabilidades familiares”, ressaltou.
Assim como Rayanne, muitas mulheres enfrentam o desafio de equilibrar carreiras com responsabilidades domésticas, enquanto outras se concentram exclusivamente no trabalho em casa.
Apesar de sua contribuição vital para o bem-estar da família, as mulheres que optam por se dedicar integralmente ao trabalho doméstico muitas vezes são desvalorizadas e questionadas pela sociedade por não estarem empregadas fora de casa. O trabalho invisível dessas mães é frequentemente subestimado.
O trabalho invisível e sua importância
O trabalho invisível refere-se às muitas tarefas não remuneradas que muitas mães realizam diariamente em suas casas. Isso inclui, mas não se limita a, limpeza, cozinha, lavanderia, compras, gerenciamento financeiro, organização familiar e cuidado dos membros da família, como crianças, idosos ou membros doentes.
Embora essas atividades sejam essenciais para o funcionamento saudável de um lar e o bem-estar de seus residentes, elas frequentemente passam despercebidas e não são consideradas “trabalho real” pelos padrões convencionais.
Além disso, o trabalho invisível muitas vezes recai sobre mães que estão empregadas fora de casa, elas geralmente continuam sendo as principais responsáveis pelo trabalho doméstico, enfrentando o que é frequentemente chamado de “carga dupla” ou até “tripla”, quando combinam trabalho remunerado, trabalho doméstico e cuidado da família.
Essas mães muitas vezes enfrentam uma carga emocional significativa, lutando contra a sensação de não serem valorizadas e enfrentando o estigma associado à escolha de ficar em casa.
É fundamental reconhecer e valorizar o trabalho invisível realizado por essas mulheres, pois ele sustenta não apenas suas famílias, mas também a sociedade como um todo.
Celebrando e apoiando as mães
À medida que comemoramos o Dia das Mães, é essencial reconhecer e celebrar todas as mães, independentemente de onde ou como elas escolhem dedicar seu tempo e energia. Devemos valorizar plenamente o trabalho invisível realizado por essas mulheres, tanto dentro quanto fora de casa, e apoiá-las em sua jornada de equilibrar casa e carreira.
Isso envolve uma mudança de mentalidade em toda a sociedade, reconhecendo e respeitando o valor do trabalho doméstico e garantindo que as mães tenham acesso a apoio e recursos adequados, incluindo creches acessíveis, licença parental remunerada e flexibilidade no local de trabalho.
Ao reconhecer e valorizar o trabalho invisível realizado pelas mães, estamos não apenas honrando seu sacrifício e dedicação, mas também construindo uma sociedade mais justa e igualitária para todas as mulheres e suas famílias.