A Polícia Militar informou, por meio de nota, que o policial foi preso em flagrante e que todas as providências necessárias, tanto na esfera da Polícia Judiciária quanto da Polícia Judiciária Militar, foram tomadas.
No Dia Internacional da Mulher, a oficial de justiça Maria Sueli Sobrinho, de 48 anos, foi vítima de uma agressão enquanto cumpria as funções em Ibirité, na região metropolitana de Belo Horizonte. O ataque ocorreu quando ela tentava entregar uma intimação a um homem de 27 anos, enteado de um policial militar de 49 anos, que acabou sendo o autor da agressão.
Segundo o relato da vítima à Polícia Militar, por volta das 17h40, ela estava à procura da casa do intimado, mas não encontrou a numeração correta. Ao perguntar aos vizinhos, foi informada sobre o endereço correto. Ao se aproximar da residência, avistou um carro com três ocupantes: uma mulher ao volante, o policial militar no banco do passageiro e o intimado no banco de trás.
Quando questionou se conheciam o intimado, o policial se passou por ele e pegou os documentos da oficial de justiça, entregando-os em seguida ao verdadeiro destinatário.
Sueli alertou o militar sobre as consequências de se passar por outra pessoa, o que o irritou profundamente.
“Ele se irritou muito quando falei isso. Foi uma reação que não entendi. Não estava esperando. Tenho 19 anos de serviço, achei que contornaria a situação”, comentou a oficial.
“Em um dia que você deveria receber parabéns e felicitações, você recebe uma agressão como essa. O dano psicológico é pior que o físico. E eu gosto de trabalhar, sabe? A gente vê relato de mulheres que se sentem envergonhadas, mesmo sem terem feito nada, agora eu entendo”, desabafou Sueli ao portal de notícias g1.
A agressão
De acordo com o registro policial, o militar saiu do carro descontrolado e partiu para cima de Sueli, questionando se ela era realmente uma oficial de justiça.
Para comprovar a função, ela mostrou a documentação do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), mas isso só aumentou a irritação do policial. Quando Sueli ameaçou chamar uma viatura, ele respondeu com violência.
“Eu falei que chamaria uma viatura, e ele falou: ‘aqui sua viatura’, e me deu uma cabeçada no nariz. Eu falei para ele parar, que ele seria preso, foi aí que ele falou que não daria nada para ele, só lesão corporal, e me deu um soco na boca. Eu caí no chão, atordoada, fiquei sem saber o que estava acontecendo“, relatou Sueli.
O policial fugiu ao perceber que a vítima estava ligando para a polícia. Quando os militares chegaram ao local, encontraram Sueli com o rosto ensanguentado.
Ao entrar na casa do suspeito, encontraram o enteado, que seria intimado, segurando uma pá em atitude intimidatória. Duas mulheres presentes no local se recusaram a identificar o agressor.
Ameaças e prisão
Durante uma ligação em viva-voz, o suspeito forneceu um nome falso e ameaçou o sargento que atendia a ocorrência.
“Você é um terceirinho, eu sou antigão. Quero saber quem é o major que bateu no peito e falou que ia me pegar”, disse o suspeito aos militares.
O policial agressor apareceu no local ainda exaltado, recusando-se a se identificar. Ele foi algemado, mas durante a ação, agrediu um dos policiais com um soco e um chute no testículo.
O suspeito confessou ter esfregado a documentação no rosto de Sueli e justificou a descrença em relação à função dela por ela estar trabalhando em um sábado. Ele também alegou que se sentiu ameaçado pelo fato de o marido da vítima ser major da Polícia Militar.
Enquanto estava algemado, o suspeito continuou a ameaçar os policiais.
“Você é um terceiro, e recruta. Eu sou antigão e mais homem que você. Tire essas algemas que vou te arrebentar, e não vou me ver com você na Justiça Militar, vou ver você fora“, disse o agressor.
A Polícia Militar informou, por meio de nota, que o policial foi preso em flagrante e que todas as providências necessárias, tanto na esfera da Polícia Judiciária quanto da Polícia Judiciária Militar, foram tomadas. O caso está sendo acompanhado pela Corregedoria da PM.