De acordo com a pesquisa da Abrasel no Amazonas, 26% dos bares e restaurantes tiveram prejuízo e 33% operaram em equilíbrio
Em um ano de muitas dificuldades para o setor do comércio no Amazonas, proprietários de estabelecimentos comerciais viveram meses complicados e precisaram operar praticamente no negativo para conseguirem se manter.
Uma pesquisa feita pela Abrasel mostrou que bares e restaurantes foram os mais afetados em 2023 e 59% desses setores não tiveram lucro, principalmente no mês de novembro.
Iolane Machado é proprietária de um restaurante de culinária paraense. No penúltimo mês do ano, ela operou no vermelho e disse que o período foi bem desafiador.
“Com a falta de insumos e alta de preços devido a estiagem, além de outros fenômenos climáticos, os clientes quase não estavam saindo de casa e o restaurante deixou de ter o fluxo de caixa que geralmente tinha”, explicou.
De acordo com a pesquisa da Abrasel no Amazonas, 26% dos bares e restaurantes tiveram prejuízo e 33% operaram em equilíbrio. Em contrapartida, o número de empresas trabalhando com lucro teve ligeira alta, de 10%, chegando a 41%.
Apesar do número de empresas trabalhando no azul ter crescido, a maioria ainda tem de lidar com problemas como dívidas acumuladas e empréstimos a pagar. Foram ouvidos diversos empreendedores do setor no Amazonas, entre os dias 20 e 27 de dezembro.
No mês de novembro, o número de empresas do estado operando no prejuízo, 26%, se manteve estável em relação ao levantamento de outubro. Outras 33% ficaram em equilíbrio, mostrando que a maioria (59%) tem problemas para trabalhar com lucro. Para 41% foi possível operar com margem positiva, um aumento de 10% em relação ao mês anterior, quando 31% alcançaram essa marca.
“Chama a atenção o número de empresas com débitos em atraso no amazonas, 51% dos respondentes da pesquisa, aliado aos 57% que não tiveram lucro, ou seja, apesar da melhora no faturamento e controle da inflação, o setor está com muita dificuldade para equilibrar o fluxo de caixa e o atraso de tributos federais é preocupante, sendo esta a maior taxa de atraso anotada, com 69% entre os devedores. O anúncio do fim antecipado do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) é um duro golpe para os negócios da alimentação fora do lar, que contavam com o benefício até o início de 2027 e também não é animadora a perspectiva para as empresas do simples nacional, que não contaram com ajuste da tabela, e ainda precisarão negociar seus débitos até o final de janeiro, caso pretendam permanecer enquadradas nesse regime tributário”, explica o presidente da Abrasel no Amazonas, Rodrigo Zamperlini.
O desafio das dívidas persiste, com 51% das empresas relatando pagamentos em atraso. As principais áreas de inadimplência incluem impostos federais (55%), impostos estaduais (29%), dívidas bancárias (47%), encargos trabalhistas (47%), serviços públicos (água, gás e energia elétrica – 29%), fornecedores (21%) e aluguel do imóvel (26%).
Também é preciso dar destaque ao desafio dos bares e restaurantes em repor a inflação, com 48% das empresas afirmando que não conseguiram reajustar seus preços em linha com a inflação média – 12% delas tiveram reajustes abaixo do índice geral e 36% não alteraram seus preços. Apenas 8% afirmaram ter conseguido fazer reajustes acima da inflação e 45% ajustaram seus preços de acordo com o índice geral.
Contratações
Quanto à contratação de pessoal, 21% das empresas do setor contrataram novos funcionários em novembro, um sinal positivo de crescimento. Este número é superior ao de empresas que relataram demissões, que ficou em 15%. A maioria das empresas (64%) manteve seu quadro de empregados estável. As perspectivas para o resultado de contratações em dezembro também são animadoras, com 25% das empresas planejando contratar mais funcionários e apenas 12% indicando intenção de demissão.