“Nossa intenção é que eles recebam tratamento”, justificou Lidiane Roque, advogada de defesa dos familiares de Djidjia e da gerente do Belle Femme.
Cleusimar Cardoso e Ademar Cardoso, mãe e irmão da ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso, que faleceu nesta semana, foram presos preventivamente pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) nesta quinta-feira (30).
Além dos familiares, três funcionários do salão de beleza Belle Femme, onde Djidja era sócia, também foram detidos: a gerente Claudiele Santos da Silva, o maquiador Marlisson Vasconcelos Dantas e Verônica da Costa Seixas.
Segundo a Justiça, os mandados de prisão preventiva foram emitidos em nome de:
- Ademar Farias Cardoso Neto, irmão de Djidja Cardoso.
- Cleusimar Cardoso Rodrigues, mãe de Djidja.
- Verônica da Costa Seixas, gerente do salão de beleza Belle Femme.
- Claudiele Santos da Silva, maquiadora do mesmo salão.
- Marlisson Vasconcelos Dantas, cabeleireiro do mesmo salão.
Marlisson Vasconcelos Dantas, o quinto investigado, que atuava como cabeleireiro no salão Belle Femme , já é considerado foragido e está sendo procurado.
A Justiça acusa os cinco de estupro, associação para o tráfico de drogas e venda de drogas. Depoimentos revelaram práticas preocupantes. Uma ex-namorada de Ademar Cardoso relatou ter usado medicamentos veterinários como ketamina e potenay com ele e com sua mãe, Cleusimar Cardoso.
Ela afirmou ter sido abusada sexualmente por Ademar durante o uso dessas substâncias. A atual namorada de Ademar também confirmou o uso de ketamina e potenay, alegando que era uma exigência de Cleusimar para frequentar sua casa.
Ela relatou sofrer infecções urinárias frequentes possivelmente devido às drogas e mencionou um episódio em que Ademar trouxe ketamina para o hospital onde ela estava internada.
Na residência da família de Djidja, a polícia apreendeu materiais como seringas, anestésicos, medicamentos de uso controlado e frascos de ketamina. Além de computadores e uma mala que devem ser periciados.
Uma dos medicamentos encontrados, a ketamina, ou cetamina é uma substância de uso humano e e veterinário que se tornou uma droga ilícita na década de 1980.
Defesa e condição mental
Lidiane Roque, advogada de Cleusimar e Ademar Cardoso, afirmou que ambos são “doentes“ e que a defesa se concentrará em provar a incapacidade mental dos dois devido ao uso de drogas.
“Nossa intenção é que eles recebam tratamento“, justificou Lidiane Roque, advogada de defesa dos familiares de Djidjia e da gerente do Belle Femme.
A declaração foi dada em frente à delegacia onde os dois estão presos por suspeita de envolvimento na morte da ex-sinhazinha do Boi Garantido. No mandado de prisão, a Justiça elenca tráfico de drogas como um dos possíveis crimes apontados contra Cleusimar e Ademir.
Entenda o Caso
Dilemar Cardoso Carlos da Silva, conhecida como Djidja Cardoso, morreu aos 32 anos em sua casa no bairro Cidade Nova, em Manaus. Ela era uma figura proeminente no Boi Bumbá Garantido, desempenhando o papel de Sinhazinha entre 2016 e 2020.
Após se aposentar, trabalhou ao lado da família na rede de salões Belle Femme. Meses antes de falecer, ela revelou em postagens nas redes sociais que estava lutando contra a depressão.
Familiares de Djidja acusam os detidos de praticar crimes na casa dela, incluindo a realização de rituais de seita com substâncias ilícitas.
A seita religiosa criada pela família foi identificada pela polícia como “Pai, Mãe, Vida“, na qual acreditava ser Jesus e Maria, que promovia o uso e comercialização de ketamina, em Manaus.
Em depoimento, uma das vítimas relatou que a seita que a família segue acredita que Djidja seria Maria Madalena, Ademar seria Jesus Cristo e Cleusimar seria Maria.
Cleomar Cardoso, tia de Djidja, alegou que a mãe de Djidja e os funcionários do Belle Femme negaram socorro à vítima e incentivaram seu vício em drogas. Em um post em uma rede social, Cleomar afirmou que a casa de Djidja se tornou uma “Cracolândia” e que tentativas de interná-la foram impedidas pela mãe.
“A Djidja morreu por omissão de socorro por parte da mãe dela e da turma do Belle Femme de Manaus. A casa dela na cidade nova se tornou uma Cracolândia. Toda vez que tentávamos internar a Djidja, éramos impedidos pela mãe e pela quadrilha de alguns funcionários que fazem parte do esquema deles. A mãe dela sempre dizia pra nós não interferirmos na vida deles e que ela sabia o que estava fazendo, ficamos de mãos atadas. E está do mesmo jeito lá, todos se drogando na casa dela”, diz um trecho da publicação de Cleomar.
Investigação da Morte
A Polícia Civil do Amazonas, por meio da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), está investigando a morte de Djidja. Até o momento, a causa da morte não foi determinada e aguarda resultados de exames necroscópicos.
Djidja foi encontrada morta por volta das 6h de terça-feira (28) após familiares tentarem contato sem sucesso. O corpo foi submetido a exame no Instituto Médico Legal (IML).
“No momento, a causa da morte ainda não foi determinada e só poderá ser confirmada após a realização do exame necroscópico. As investigações em torno do caso estão em andamento, e, por isso, mais informações não podem ser divulgadas”, informou em nota a Polícia Civil.
Homenagem do Boi Garantido
Familiares, amigos e o Boi Bumbá Garantido prestaram suas últimas homenagens à ex-sinhazinha Djidja Cardoso durante o velório na quarta-feira (29).
Conduzido por Batista Silva, o Boi Bumbá Garantido compareceu à cerimônia e homenageou Djidja. Batista Silva, emocionado, representou o gesto carinhoso que a sinhazinha costumava fazer no boi durante as apresentações no Festival Folclórico de Parintins.
Djidja, que lutava contra a depressão, foi homenageada por familiares, amigos e pelo Boi Bumbá Garantido durante seu velório realizado na quarta.
O Boi Bumbá Garantido, representado por Batista Silva, prestou homenagem emocionada, recriando o carinho que a sinhazinha costumava fazer no boi durante o Festival Folclórico de Parintins.