Para quem está endividado, a queda da Selic pode ser um momento para tentar renegociar pendências
Você deve estar se perguntando sobre o que muda na sua vida com a Selic mais baixa. Pois saiba que a queda dos juros básicos não diz respeito apenas aos seus investimentos, a redução vai afetar também outras áreas.
De acordo com Alon Hans, consultor financeiro, a renegociação de dívidas pode ser uma boa opção com a Selic baixa, mas precisa ser bem avaliada. “A decisão de renegociar dívidas de empréstimos, como os consignados, durante a baixa da Taxa Selic depende de alguns fatores. Com a redução dos juros, é possível que esses juros cobrados em empréstimos também sejam reduzidos. Isso pode resultar em parcelas mensais mais baixas e, consequentemente, aliviar o orçamento. O custo da renegociação, também é importante avaliar. Algumas instituições financeiras podem cobrar taxas ou tarifas para realizar a renegociação da dívida. É importante certificar-se e entender esses custos antes de decidir pela renegociação. Além da redução dos juros, algumas instituições financeiras podem oferecer benefícios extras, como prazos de pagamento mais estendidos ou até mesmo a possibilidade de quitação antecipada da dívida”, explicou.
É importante avaliar a situação financeira atual antes de decidir pela renegociação. “Se você está enfrentando dificuldades financeiras e precisa de um alívio imediato no orçamento, renegociar as dívidas pode ser uma opção viável. No entanto, se suas finanças estão estáveis e você consegue pagar suas parcelas sem problemas, não há uma urgência em renegociar”, acrescentou o consultor financeiro.
Com a Selic baixa os juros ficam mais baixos para empréstimos, financiamentos e investimentos também. “O impacto é relevante ainda que não o esperado, pois as pessoas endividadas podem renegociar dívidas com juros mais baixos. Os empréstimos também sofrem um reajuste para baixo, podendo abrir oportunidades de novas aquisições pela população. Mas, é importante salientar que quaisquer aquisições de dívidas devem estar cobertas pelas receitas mensais no indivíduo. Pois, só vai postergar o problema da inadimplência, por exemplo”, explicou.
Para Hans, o ideal é avaliar a situação atual do mercado antes de tomar decisões quando se vai investir nesse momento. “Os títulos da renda fixa que ganham com a queda de juros são aqueles que têm suas taxas de retorno atreladas à taxa básica de juros, a Taxa Selic. Quando a Selic é reduzida, os rendimentos desses títulos também são reduzidos. Alguns exemplos de títulos que podem se beneficiar de cortes de juros são os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) pós-fixados, Fundos DI, Tesouro Selic e Letras Financeiras do Tesouro (LFTs)”, acrescentou.
A taxa Selic é uma referência para o custo das linhas de crédito em geral. Quando ela está em patamares elevados, a tendência é que os empréstimos e financiamentos fiquem mais caros. Isso porque normalmente os bancos e outras instituições financeiras passam a cobrar juros mais altos nessas operações. Já quando a taxa diminui, os juros do crédito ficam mais baratos.
Consumo
Crédito e consumo andam praticamente de mãos dadas. Sendo assim, quando os empréstimos e financiamentos ficam mais caros, consequentemente o nível de consumo tende a diminuir. Nesse sentido, o custo dos produtos e serviços aumenta também.
Por isso, a tendência é de que, com a queda da Selic, o consumo aumente. Por outro lado, a elevação da taxa causa uma redução das compras.
Para Hans é importante ressaltar o impacto da taxa na economia real, que pode variar. “Esse impacto depende de diversos fatores econômicos e financeiros, como o acesso ao crédito, o nível de confiança dos agentes econômicos e a situação da economia com um todo”, acrescentou.
Impacto nos investimentos
De modo geral, uma taxa Selic alta beneficia os investimentos de renda fixa, que oferecem uma remuneração baseada em juros. É o caso dos títulos públicos do governo federal, dos CDBs emitidos pelos bancos, das letras de crédito e das debêntures, entre outras opções.
Todos esses papéis tendem a ter uma rentabilidade maior em tempos de Selic alta. Assim, com a queda da taxa de juros, o retorno deles também diminui. “Alguns clientes já me procuraram para dois pontos importantes”, relata Hans. “Uns veem uma oportunidade de renegociar dívidas e pedem direcionamento para essas negociações, e também o que priorizar das dívidas”. “Outros procuram rever sua carteira de investimentos, e eu falo: tenha paciência, mantenha o dinheiro na renda fixa e não arrisque tanto em renda variável, pois a alta dos juros nos EUA estão altos, logo refletem no ‘ganho’ das ações das empresas nas bolsas internacionais, por exemplo”, explicou.
Em resumo, se a taxa Selic diminui:
O crédito fica mais acessível, já que os bancos tendem a baixar as taxas de juros;
E a inflação tende a subir.
Por outro lado, se a taxa de juros aumenta:
Os preços tendem a baixar ou ficar estáveis, como uma consequência do controle da inflação;
E os juros de crédito, parcelamento e cheque especial ficam mais altos.
Quais investimentos são afetados diretamente pela Selic?
A Selic tem forte influência na taxa de remuneração de diversos investimentos e, como resultado, qualquer mudança nela impacta a rentabilidade desses produtos financeiros. São eles:
Títulos do Tesouro Direto (Tesouro Selic);
Caderneta de poupança;
E investimentos de renda fixa.
Tesouro Selic
O Tesouro Selic
É um título público cuja rentabilidade está indexada à taxa Selic. Quando a taxa Selic é reduzida, também fica menor a rentabilidade do título. Por outro lado, um aumento na taxa Selic torna os títulos públicos mais vantajosos.
Caderneta de poupança
A rentabilidade da poupança tem como referência os juros básicos. Quando a Selic está abaixo de 8,5% ao ano, a poupança rende, ao ano, 70% da Selic mais a TR (taxa referencial). No entanto, quando a Selic fica acima de 8,5% ao ano, a poupança rende 0,5% mais a TR. Ou seja, a partir do nível de 8,5% ao ano da Selic, que é o atual, a poupança para de acompanhar a taxa básica. E quanto mais a Selic subir, mais para trás a poupança fica.
Investimentos de renda fixa
Mudanças na taxa Selic impactam o CDI, um dos índices de rentabilidade mais usados por investimentos de renda fixa. Ou seja, quando a taxa Selic diminui, o CDI também fica mais baixo.
CDBs, LCIs, LCAs e LCs são os investimentos mais comuns que usam o CDI como indicador de rentabilidade. Assim, eles terão sua remuneração afetada com a mudanças na Selic.