A Polícia Civil solicitou a exumação ao IGP após suspeitas de que o envenenamento de Paulo pudesse estar relacionado ao caso do bolo de Natal.
Paulo Luiz dos Anjos, sogro de Deise Moura dos Anjos, presa por suspeita de envenenar um bolo que resultou na morte de três pessoas em Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, também foi vítima de envenenamento por arsênio, conforme constatou o Instituto-Geral de Perícias (IGP). A informação foi divulgada após a exumação do corpo, realizada na quarta-feira (8).
Paulo faleceu em setembro de 2024, após consumir bananas e leite em pó levados por Deise à casa dele, em Arroio do Sal. Esses alimentos foram ingeridos pouco antes do idoso apresentar um quadro de infecção intestinal fatal.
A nora é suspeita de utilizar a mesma substância para envenenar o bolo de Natal que causou três mortes em dezembro. A esposa de Paulo, Zeli dos Anjos, que também consumiu o bolo, permanece hospitalizada.
- Leia mais: Intoxicação por arsênio em Torres: três mortes e suspeitas de envenenamento
- Bolo com arsênio: veneno foi misturado em farinha e causou as mortes, diz polícia
Exumação
O corpo de Paulo Luiz foi exumado em Canoas, cidade onde ele residiu com Zeli. A Polícia Civil solicitou a exumação ao IGP após suspeitas de que o envenenamento de Paulo pudesse estar relacionado ao caso do bolo de Natal.
O delegado responsável pelo caso, Marcos Vinícius Veloso, explicou que a investigação começou com o episódio do bolo e se estendeu a outras suspeitas.
Paulo Luiz faleceu no início de setembro de 2024, poucos dias após a visita de Deise com o marido e o filho. Na ocasião, eles levaram produtos como leite em pó, bananas, flores e itens de limpeza.
Pouco depois de consumir café com leite em pó e bananas, Paulo apresentou sintomas graves, e Zeli também passou mal.
Posteriormente, a perícia confirmou que a farinha utilizada no bolo de Natal estava contaminada com arsênio. A substância também foi identificada no sangue das vítimas que morreram em dezembro.
Relembre o caso
No dia 23 de dezembro, sete pessoas da mesma família participaram de um café da tarde em Torres. Após consumirem o bolo, seis começaram a passar mal. Três mulheres morreram em poucas horas:
- Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória;
- Neuza Denize Silva dos Anjos morreu em decorrência de “choque pós-intoxicação alimentar”.
Zeli, que fez o bolo com a farinha contaminada, foi a única a comer duas fatias, apresentando os níveis mais elevados de arsênio no organismo.
Investigações revelaram que Deise realizou mais de 100 buscas na internet por termos como “veneno para humanos” e “arsênio” antes do crime. Essas buscas ocorreram enquanto ela estava na casa da sogra, em novembro.
A relação entre Deise e Zeli era marcada por conflitos há cerca de 20 anos, segundo a polícia. No entanto, a motivação exata do crime ainda não foi esclarecida.
Deise Moura dos Anjos está presa no Presídio Estadual Feminino de Torres e é acusada de triplo homicídio duplamente qualificado, além de tripla tentativa de homicídio.
A investigação segue em andamento, com a análise de celulares e outros elementos ligados ao caso. O marido de Deise, filho de Zeli, teve o aparelho apreendido, mas não é tratado como suspeito.