Ministro Dias Toffoli manteve válido apenas a delação de Marcelo Odebrecht, que chegou a ser condenado a 19 anos de prisão.
Em uma decisão histórica anunciada na terça-feira (21), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli anulou todas as decisões tomadas pela 13ª Vara Federal de Curitiba contra o empresário Marcelo Bahia Odebrecht no âmbito da operação Lava Jato.
Sob o comando do ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR), essas decisões envolveram processos que levaram à condenação e prisão do empresário, uma figura central no escândalo de corrupção revelado pela operação.
A decisão de Toffoli atende a um pedido da defesa de Odebrecht, que argumentou que seu caso era semelhante ao de outros réus da Lava Jato que tiveram seus processos anulados devido a irregularidades na condução das investigações.
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Segundo os advogados, essas irregularidades comprometeram a imparcialidade e a legalidade das decisões judiciais tomadas contra o empresário.
“Em face do exposto, defiro o pedido constante desta petição e declaro a nulidade absoluta de todos os atos praticados em desfavor do requerente no âmbito dos procedimentos vinculados à operação Lava Jato, pelos integrantes da referida operação e pelo ex-juiz Sérgio Moro no desempenho de suas atividades judiciais”, afirmou Toffoli em sua decisão.
A operação Lava Jato e anulação
A operação Lava Jato, que teve início em 2014, revelou um esquema complexo de corrupção no qual executivos da Odebrecht pagavam propinas a políticos e funcionários públicos para garantir a obtenção de contratos e obras, favorecendo-se em processos licitatórios.
Marcelo Odebrecht, então presidente e herdeiro da companhia, foi preso em junho de 2015 e condenado em 2016 a 19 anos e 4 meses de prisão por Moro.
No entanto, a pena de Odebrecht foi posteriormente reduzida para sete anos após um acordo de delação premiada e foi cumprida.
A anulação de decisões representa um marco significativo no processo de revisão dos casos da Lava Jato, que tem visto várias condenações sendo questionadas e revistas. Críticos da operação argumentam que houve abuso de poder e falta de imparcialidade nas investigações e julgamentos, o que levou à anulação de várias sentenças nos últimos anos.
Com a decisão de Toffoli, todas as condenações e decisões judiciais contra Marcelo Odebrecht proferidas pela 13ª Vara Federal de Curitiba são consideradas nulas, o que pode abrir caminho para novos processos ou mesmo a revisão completa das acusações contra o empresário.
Esta reviravolta jurídica pode ter implicações profundas não apenas para Odebrecht, mas também para o futuro da operação Lava Jato e seus desdobramentos políticos e judiciais no Brasil.