Advogada negociou rendição da psicóloga por mais de 12 horas.
Júlia Andrade Carthemol, psicóloga, de 29 anos, se entregou à polícia por volta das 23h da terça-feira (4) e está presa por suspeita de envenenar e matar seu namorado, o empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 44, com um brigadeirão.
Utilizando seu direito constitucional de permanecer calada, Júlia não prestou depoimento na 25ª Delegacia de Polícia (Engenho Novo).
A rendição de Júlia foi negociada por mais de 12 horas por sua defesa na terça-feira (4). A advogada Hortência Menezes chegou à delegacia pela primeira vez por volta das 11h, a fim de tomar conhecimento dos autos do inquérito e montar a defesa técnica.
“Infelizmente, é um caso muito triste que aconteceu, meus sentimentos à família. Mas tudo vai se resolver da melhor forma possível e a Júlia vai colaborar“, afirmou Hortência.
Desde o dia 22 de maio, quando prestou depoimento, ela era considerada foragida. Na ocasião, o delegado responsável pelo caso afirmou que ainda não havia base legal para prendê-la.
As investigações indicam que Júlia recebeu ajuda para se esconder na Região dos Lagos. Na terça-feira, a advogada confirmou que a suspeita se entregaria.
No mesmo dia, Carla Cathermol e Marino Leandro, mãe e padrasto de Júlia, prestaram depoimento na delegacia. Os dois foram conduzidos por agentes de Maricá até o Rio de Janeiro, após não comparecerem voluntariamente.
Entenda o caso
O corpo de Luiz Marcelo foi encontrado em estado de decomposição avançado no apartamento onde morava no Engenho Novo, Zona Norte do Rio, no dia 20 de maio. Vizinhos chamaram o socorro devido ao cheiro forte.
Júlia, alega que, em tal data, ela teria deixado o apartamento depois de discutir com o administrador de imóveis. Ela foi vista pela última vez três dias antes, no elevador do prédio.
A polícia considera Júlia a principal suspeita do crime, com a motivação econômica de ficar com os bens da vítima. Um analgésico de uso controlado foi encontrado pela polícia no apartamento.
Segundo o delegado Marcos Buss, havia um processo de formalização de união estável entre os dois, que Luiz teria desistido. “Isso robustece a hipótese de homicídio, pois parecia ser o plano eliminar a vítima após a formalização da união“, disse o delegado.
Receita médica e compra de medicamento
Um funcionário de uma farmácia testemunhou que Júlia apresentou uma receita médica para comprar Dimorf, medicamento à base de morfina, em 6 de maio.
A suspeita é que o remédio foi utilizado no brigadeirão que Luiz consumiu. A polícia acredita que Luiz tenha morrido no dia 17 de maio, três dias antes do corpo ser encontrado.
O funcionário da farmácia afirmou ter visto Júlia sair de um carro alto, prata, antes da compra. A farmácia apresentou um documento interno comprovando a compra de R$ 158 pelo medicamento e prometeu levar a receita à delegacia.
Outras investigações e bens recuperados
A polícia também ouviu um homem que se dizia o atual namorado de Júlia, que entrou rapidamente na delegacia e não quis falar com a imprensa.
Medidas cautelares foram solicitadas para detectar movimentações financeiras de Júlia. Alguns bens de Luiz Marcelo já foram recuperados, incluindo seu automóvel.
“Já recuperamos alguns bens da vítima, o automóvel da vítima, devo me preocupar com a localização dessas armas, que podem ou não estar na posse da Júlia“, destacou o delegado Buss.
A polícia também investiga o envolvimento de Suyany Breschak, que se apresenta como cigana e está presa. De acordo com o delegado, Suyany já sabia do planejamento do crime antes da morte de Luiz e se beneficiou posteriormente.
“Há elementos que indicam que a Suyany foi a destinatária de todos os bens do empresário após a morte dele”, afirmou o delegado.
Em depoimento, Suyany declarou que Júlia possuía uma dívida de R$ 600 mil pelos serviços.
A complexidade do caso e o envolvimento de diversas pessoas em depoimentos revelam a profundidade das investigações em curso. As autoridades continuam trabalhando para esclarecer todos os detalhes e circunstâncias do crime.