O legado do cineasta paraibano no cinema e na educação foi marcado por obras clássicas e desafios durante a ditadura militar.
Vladimir Carvalho, um dos mais importantes cineastas do Brasil, morreu nesta quinta-feira (24), aos 89 anos, em Brasília. O diretor, que esteve internado há três semanas devido a complicações renais, não resistiu a um infarto.
Carvalho comemorou o último aniversário em janeiro deste ano no Cine Brasília, exibindo a versão remasterizada em 4K do primeiro longa-metragem, “O País de São Saruê” (1971). O filme, um retrato sensível das condições no Nordeste, com foco na seca e na reforma agrária, marcou o início de uma carreira que influenciou o cinema nacional.
Nascido em Itabaiana, na Paraíba, em 1935, Vladimir Carvalho escolheu Brasília para viver e para praticar sua arte.
Com uma carreira que se entrelaça à história do cinema novo, ele já teve produções como O “Evangelho Segundo Teotônioê” (1984), “Conterrâneos Velhos de Guerra” (1991), “Barra 68” (2000) e “Engenho de Zé Lins” (2006). Em 2011, lançou o documentário “Rock Brasília – Era de Ouro” , resgatando a ascensão do rock na capital federal.
Além de cineasta, Carvalho também fez história como educador. Foi um dos fundadores do curso de cinema da Universidade de Brasília (UnB) em 1969, enfrentando o desafio de lecionar em meio à repressão da ditadura militar, que enfrentou no fechamento temporário do curso.
O papel na formação de novas gerações de cineastas foi tão relevante que, em 2012, ele foi homenageado com o título de professor emérito da UnB.
Ao receber o título, Carvalho refletiu sobre a trajetória e o tempo passado:
“O tempo passou num piscar de olhos, como nos filmes de cinema e aqui estamos nós neste continuado esforço de refundação da UnB. Eu me rejubilo e saio daqui todo me achando e comungando com o velho Camões: Estou em paz com minha guerra”, falou.