Clínica responsável teria cometido série de falhas sanitárias.
As investigações referentes ao surto infeccioso de endoftalmite no mutirão de catarata realizado na Maternidade Dr. Graciliano Lordão, na cidade de Parelhas (RN), foram concluídas pelo município. De acordo com o inquérito, os protocolos de higiene, esterilização e boas práticas do centro cirúrgico apresentam “graves falhas”.
Nas irregularidades observadas, consta a higienização inadequada do centro cirúrgico e a ausência de protocolos de limpeza, o que colabora com a proliferação de bactérias como a que causou endoftalmite em 15 pacientes.
Na última quarta-feira (23), mais um paciente do mutirão, agora um homem de 84 anos, passou por uma cirurgia de remoção de um dos globos oculares, totalizando, até agora, 10 pessoas afetadas.
A clínica Oculare Oftalmologia Avançada, que realizou os procedimentos, também poderá ser responsabilizada por falhas no transporte e na esterilização dos materiais utilizados.
Segundo a prefeitura de Parelhas, o documento também considerou a conduta dos profissionais de saúde envolvidos, como o falta do cumprimento das boas práticas de higiene e a falta de supervisão adequada do médico responsável.
Porém, o Ministério Público do Rio Grande do Norte também investiga o mutirão sob a suspeita de crime eleitoral, já que as cirurgias foram realizadas 10 dias antes das eleições para prefeito e vereador.
O órgão já havia determinado, no último dia 18, que a prefeitura de Parelhas teria que indenizar os afetados, de acordo com a decisão da promotora Ana Jovina de Oliveira Ferreira, responsável pelo inquérito, que afirma a responsabilidade civil objetiva do município.
O MPRN, em consenso com Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap) considerou o conjunto de provas recolhido como suficiente para apontar que houve falha sanitária.
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O caso segue em investigação com o inquérito mais recente encaminhado ao Ministério Público, ao CAOP Saúde, à Suvisa/RN e ao Juízo de Direito da Comarca da cidade.