O remédio será destinado aos 120 países mais pobres do mundo. Fora desse grupo, está o Brasil.
A revista acadêmica Science reconheceu o lenacapavir, um medicamento injetável administrado a cada seis meses como medida profilática contra o HIV, como o grande avanço científico de 2024. A medicação, com uma taxa de eficácia que se aproxima de 100%, promete transformar a prevenção ao vírus causador da Aids.
Apesar da relevância, o remédio só deve estar disponível comercialmente em 2026 e, infelizmente, não será distribuído em países de renda média, como o Brasil, mesmo após ter tido parte dos estudos clínicos realizados na região.
A farmacêutica responsável pela inovação firmou acordos de licenciamento com seis laboratórios para garantir a produção de uma versão genérica de baixo custo do lenacapavir.
Essa alternativa, porém, será destinada apenas aos 120 países mais pobres do mundo. Fora desse grupo, está o Brasil, que enfrenta o temor de que programas de saúde pública não consigam arcar com os custos do medicamento para populações vulneráveis.
Estudos internacionais estimam que o custo anual por paciente, considerando duas doses, varie entre US$ 25.395 e US$ 44.918, o equivalente a R$ 153 mil e R$ 271 mil na cotação atual.
Esse valor foi classificado como “inviável” por representantes do Ministério da Saúde brasileiro. Mas, especialistas apontam que é possível reduzir esse custo para menos de US$ 100 (R$ 600) por paciente ao ano com a produção em larga escala e compras otimizadas de insumos.
Os resultados do lenacapavir, publicados em periódicos científicos em julho e setembro de 2024, foram considerados um divisor de águas por especialistas e organizações de saúde. O medicamento é visto por muitos como o mais próximo que a ciência chegou de uma vacina contra o HIV.