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Política

Câmara dos Deputados aprova urgência para votação de projeto que classifica aborto após 22 semanas como homicídio

Com a urgência aprovada, o projeto pode agora ser votado diretamente no plenário da Câmara sem passar por comissões - Foto: Divulgação Agência Brasil
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O projeto não altera a legislação nos casos de anencefalia e risco à vida da mãe, que continuam permitidos a qualquer tempo. 

Na quarta-feira (12), a Câmara dos Deputados aprovou a urgência para a votação de um projeto que equipara o aborto realizado após 22 semanas de gravidez ao crime de homicídio, mesmo nos casos de gravidez resultante de estupro.

A votação no plenário durou apenas 24 segundos e não houve anúncio sobre o projeto em questão. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas), informou que a urgência foi aprovada de maneira simbólica, dispensando o registro de voto no painel.

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Plenário da Câmara dos Deputados durante votação – Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados

Deputados do PT, PSOL e PCdoB se manifestaram contra a urgência, mas o resultado já havia sido proclamado. O projeto tem gerado discussões acaloradas também fora do Congresso Nacional.

Na quinta-feira (13), Lira esclareceu que o texto não visa legalizar ou retroagir sobre os casos de aborto atualmente previstos em lei. Segundo ele, “não há hipótese de o projeto avançar nesses casos previstos em lei”.

Atualmente, o aborto no Brasil é permitido em três situações específicas:

  • Gravidez resultante de estupro;
  • Risco à vida da mãe;
  • Feto anencéfalo.

Nesses casos, o aborto pode ser realizado a qualquer momento. Fora dessas situações, o aborto é considerado crime, com as seguintes punições:

  • Para a mulher que provocar aborto em si mesma ou permitir que alguém o faça, a pena é de 1 a 3 anos de detenção;
  • A pessoa que auxiliar a mulher a abortar também é punida;
  • Sem o consentimento da gestante, a pena é de 3 a 10 anos de prisão; com consentimento, a pena varia de 1 a 4 anos de prisão.

Proposta em votação

A proposta em votação aumenta as punições para o aborto realizado a partir da 22ª semana de gestação, equiparando-o ao homicídio. A punição passa a ser de 6 a 20 anos de prisão, tanto para a gestante quanto para quem auxiliá-la.

O projeto não altera a legislação nos casos de anencefalia e risco à vida da mãe, que continuam permitidos a qualquer tempo.

No entanto, as vítimas de estupro precisarão realizar o aborto legal antes de completar 22 semanas de gestação; após esse prazo, o aborto será considerado homicídio. Esse limite gestacional não existe no Código Penal vigente.

Argumentos a favor e contra

A deputada Júlia Zanatta (PL) defende a proposta, argumentando que o objetivo é estabelecer um limite para evitar a banalização do aborto legal. Segundo ela, a mulher vítima de violência sexual poderá continuar realizando o aborto legal como previsto no Código Penal, desde que seja até a 22ª semana de gestação.

O objetivo principal foi somente colocar um limite, porque estavam banalizando a questão do aborto legal. A mulher vítima de violência sexual vai poder continuar fazendo o aborto legal como é previsto no Código Penal. A única coisa é que vai ter um limite gestacional: 22 semanas, 5 meses. Acima disso não poderá mais ser realizado, mas ainda vai poder fazer, repito, até 22 semanas”, disse Zanatta.

Por outro lado, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL) critica a imposição de um prazo, argumentando que isso retira um direito existente. Ela destaca que muitas vítimas de violência sexual, especialmente crianças e adolescentes, só percebem a gravidez quando o prazo gestacional já está avançado.

Segundo Bomfim, a medida poderia resultar em penas mais severas para as vítimas de estupro do que para os próprios estupradores.

Em contrapartida, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), autor do projeto que classifica o aborto ao homicídio, disse que vai propor o aumento da pena do estupro para 30 anos.

Com a urgência aprovada, o projeto pode ser votado diretamente no plenário da Câmara, sem a necessidade de passar por comissões. Ainda não há uma data definida para essa votação. Se aprovado, o projeto seguirá para o Senado.

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