Eleito em 2022, o presidente sul-coreano é um novato na política.
Nesta terça-feira (3), o Parlamento da Coreia do Sul rejeitou, por unanimidade, o decreto de lei marcial emitido pelo presidente Yoon Suk Yeol. A decisão, considerada histórica, foi tomada em uma sessão de emergência realizada após deputados conseguirem driblar o fechamento da Assembleia Nacional, imposto como parte das medidas restritivas.
A rejeição foi votada por todos os 190 parlamentares presentes, incluindo membros do Partido do Poder Popular, ao qual pertence o presidente.
Sob a legislação sul-coreana, uma maioria parlamentar tem o poder de exigir a revogação da lei marcial, e o presidente é obrigado a acatar a decisão imediatamente.
“Declaro lei marcial para proteger a livre República da Coreia da ameaça das forças comunistas norte-coreanas, para erradicar as desprezíveis forças antiestado pró-norte-coreanas que estão saqueando a liberdade e a felicidade do nosso povo, e para proteger a ordem constitucional livre”, disse em pronunciamento na TV.
O decreto de Yoon restringia direitos civis, submetia a legislação normal às regras militares e limitava a atuação da imprensa e do Legislativo. A medida gerou intensa oposição e protestos populares em várias partes do país.
Enquanto justificava a decisão como uma tentativa de proteger a ordem constitucional contra forças que acusou de serem “antiestado“, Yoon enfrentou acusações de abuso de poder e autoritarismo.
Milhares de cidadãos foram às ruas, denunciando a medida como uma ameaça à democracia e pedindo até mesmo a prisão do presidente.
Os protestos se intensificaram com o envio de forças especiais da polícia para conter as manifestações. Mesmo assim, manifestantes se aglomeraram em frente à Assembleia Nacional e celebraram a revogação da medida.
Lee Jae-Myung, líder da oposição e ex-adversário político de Yoon, declarou que a lei marcial era ilegal desde o princípio.
“Qualquer pessoa que atue sob essa medida estará violando as leis do país”, afirmou.
Yoon Suk Yeol revoga lei marcial, mas mantém críticas à oposição
Horas após decretar a lei marcial, o presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol anunciou, nesta terça-feira (3), que acataria a decisão do Parlamento de derrubar a medida. A decisão ocorreu após intensa pressão política e popular.
Em um discurso feito após reunir-se com o gabinete, Yoon confirmou que havia ordenado o recuo das forças militares e criticou duramente os deputados opositores, acusando-os de “paralisar o governo” e ameaçar a estabilidade constitucional.
A lei marcial, que Yoon justificou como uma resposta à suposta influência de aliados norte-coreanos no país, incluía severas restrições à liberdade de imprensa e à atuação do Legislativo.
Parlamentares, no entanto, agiram rapidamente para desmantelar a medida, garantindo a anulação em poucas horas.
Repercussão interna e externa
O decreto foi considerado o maior desafio à democracia sul-coreana desde a década de 1980 e causou divisões dentro do próprio governo. Deputados da base aliada do presidente pressionaram pela suspensão imediata da medida.
Externamente, analistas e líderes internacionais expressaram preocupação com a escalada autoritária de Yoon. O episódio deve impactar a percepção global sobre a estabilidade política da Coreia do Sul, um dos principais aliados democráticos na região.
A revogação do decreto foi recebida com alívio pela população e intensos protestos deram lugar a celebrações em várias partes do país. Apesar disso, críticos pedem maior vigilância para evitar que medidas semelhantes sejam tomadas no futuro.