A lei que ameaça banir o TikTok foi aprovada com apoio bipartidário em 2024, citando riscos de espionagem.
O acordo para separar os ativos norte-americanos do TikTok foi suspenso após a China sinalizar que não aprovaria a transação. A decisão chinesa ocorreu em resposta ao recente anúncio de aumento de tarifas pelo presidente Donald Trump, segundo fontes próximas ao processo.
“Tínhamos algo como um acordo sobre o TikTok — não exatamente fechado, mas muito próximo. A China mudou de ideia por causa das tarifas. Se eu concedesse um pequeno desconto, eles aprovariam em 15 minutos”, declarou Trump a bordo do Air Force One. “Isso mostra o poder das tarifas”, completou.
Na sexta-feira (4), o presidente estendeu em 75 dias o prazo para que a ByteDance vendesse os ativos do TikTok nos EUA. Sem acordo, o aplicativo — usado por 170 milhões de americanos — será banido no país.
O plano, quase finalizado na quarta-feira (2), previa:
- Criação de uma nova empresa sediada nos EUA;
- Controle majoritário por investidores norte-americanos;
- Participação da ByteDance limitada a menos de 20%.
Embora aprovado pelas partes envolvidas, incluindo o governo dos EUA, a ByteDance afirmou no sábado (5): “Ainda há divergências significativas em pontos-chave”. A empresa ressaltou que qualquer operação está sujeita à legislação chinesa.
A Embaixada chinesa em Washington reiterou: “Sempre protegemos os direitos legítimos das empresas e rejeitamos violações aos princípios de mercado”. A Associated Press foi a primeira a noticiar a oposição formal de Pequim.
O impasse ocorre em meio a:
- Tarifa de 54% sobre produtos chineses nos EUA (aumento de 34% anunciado por Trump);
- Retaliação imediata por parte da China;
- Declaração de Trump sobre possível flexibilização tarifária como moeda de troca.
Cronograma e próximos passos
Trump revelou que quatro grupos estão em negociações, sem identificar nomes. O novo prazo se estende até junho, com foco em um modelo onde investidores como Susquehanna International Group e General Atlantic (já acionistas da ByteDance) assumiriam o controle das operações norte-americanas.
A lei que ameaça banir o TikTok foi aprovada com apoio bipartidário em 2024, citando riscos de espionagem. Biden sancionou a medida, mas Trump — que assumiu o segundo mandato em janeiro — optou por não aplicá-la imediatamente. Em janeiro, o Departamento de Justiça orientou Apple e Google a manterem o app disponível.
“Queremos evitar que o TikTok ‘fique no escuro'”, afirmou Trump, mantendo a porta aberta para negociações, mas sem recuar nas tarifas que desencadearam o impasse.