Dos 604 casos registrados no Amazonas, 229 casos envolveram violência sexual, sendo que 84,2% das vítimas eram crianças e adolescentes de 0 a 17 anos.
O Amazonas é o terceiro estado com o maior número de casos de violência contra a mulher em 2024, de acordo com o boletim “Elas Vivem: um caminho de luta”, divulgado nesta quinta-feira (13) pela Rede de Observatórios da Segurança. O estudo também revela que 84,2% das vítimas de violência sexual no estado têm entre 0 e 17 anos.
A Rede de Observatórios da Segurança monitora nove estados (AM, BA, CE, MA, PA, PE, PI, RJ, SP) e considera diversos tipos de violência: agressão verbal, cárcere privado, dano ao patrimônio, feminicídio, homicídio, sequestro, tortura, violência sexual/estupro, tentativa de feminicídio/agressão física, tentativa de homicídio e transfeminicídio.
O Amazonas, que passou a ser monitorado no último ano, já apresenta números alarmantes. Em 2024, foram registrados 604 casos de violência contra a mulher, colocando o estado à frente de unidades federativas mais populosas, como Bahia e Pernambuco, e atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.
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Ranking dos estados:
Estado | Número de casos |
---|---|
São Paulo | 1.177 |
Rio de Janeiro | 633 |
Amazonas | 604 |
Pará | 388 |
Maranhão | 365 |
Pernambuco | 312 |
Bahia | 257 |
Piauí | 238 |
Ceará | 207 |
Fonte: Rede de Observatórios da Segurança
Feminicídios e violência sexual
Dos 604 casos registrados no Amazonas, 33 foram feminicídios – crimes de ódio baseados no gênero, como assassinatos de mulheres em contextos de violência doméstica. Além disso, 229 casos envolveram violência sexual, sendo que 84,2% das vítimas eram crianças e adolescentes de 0 a 17 anos.
Um dos casos que chocou o estado foi o de Laylla Victória de Assis, de apenas 1 ano e seis meses. A criança foi vítima de estupro, assassinato e teve o corpo jogado no rio, no município de Jutaí, no interior do Amazonas. O crime gerou grande revolta na população, que invadiu a delegacia da cidade e linchou o homem preso como suspeito.
O relatório também destaca que a subnotificação de casos é um problema grave no Amazonas, especialmente em municípios ribeirinhos, onde o acesso a delegacias e perícias especializadas é mais difícil.
Cenário nacional
A quinta edição do boletim revela que, nos nove estados monitorados, 4.181 mulheres foram vítimas de violência em 2024, um aumento de 12,4% em relação a 2023, quando o Amazonas ainda não estava incluído no estudo.
Os dados mostram que, em 2024, pelo menos 13 mulheres foram vítimas de violência a cada 24 horas nos estados analisados.
Além disso, 531 mulheres foram vítimas de feminicídio, o que significa que, a cada 17 horas, uma mulher perdeu a vida em razão do gênero. Em 75,3% dos casos, os crimes foram cometidos por pessoas próximas, sendo que, em 70,0% deles, os agressores eram parceiros ou ex-parceiros das vítimas.
O estudo reforça a urgência de políticas públicas eficazes para combater a violência contra a mulher, especialmente em regiões com altos índices de subnotificação e dificuldades de acesso à justiça.