A decisão do Brasil gerou questionamentos sobre a postura no cenário internacional.
Nesta última quarta-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), decidiu se abster em uma votação da ONU que condenava o Irã pela repressão às mulheres, violência contra manifestantes e aumento das penas de morte pelas autoridades de Teerã.
A resolução, proposta por europeus e norte-americanos, foi aprovada com o apoio de 77 países, incluindo governos de esquerda como Chile, México, Espanha e Colômbia. Mas nenhum dos países integrantes do Brics — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — votou a favor da publicação.
Enquanto a Rússia e a China se posicionaram contra a resolução, o Brasil se uniu a 65 países que optaram pela abstenção, entre eles África do Sul, Índia, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Arábia Saudita.
O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) justificou a abstenção afirmando que, apesar das preocupações com os direitos humanos no Irã, há avanços que devem ser reconhecidos. Entre eles, destacou o acolhimento de mais de 3,7 milhões de refugiados afegãos.
“Com base no entendimento de que o Irã está comprometido em fortalecer seus esforços, o Brasil se absterá”, declarou o Itamaraty.
A abstenção nesta votação reflete uma postura recorrente do Brasil em relação ao Irã. Em abril, o país já havia se abstido em uma votação que ampliou o mandato da ONU para investigar os direitos humanos no território iraniano, especialmente após os protestos liderados por mulheres em 2022.
Segundo o Itamaraty, essa abordagem busca evitar o isolamento do Irã, o que poderia intensificar o radicalismo do governo de Teerã e acelerar o desenvolvimento de armas nucleares.
A decisão do Brasil gerou questionamentos sobre a postura no cenário internacional, já que outros países de orientação progressista, como o Chile e a Colômbia, votaram a favor da resolução.