A expectativa é que o governo comece a articular as trocas com os partidos da base, abrindo mais espaço para aliados de outras siglas.
A queda do ex-ministro das Comunicações Juscelino Filho (União Brasil-MA), após denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção passiva e desvio de emendas, deve acelerar a reforma ministerial do governo Lula (PT). Aliados do presidente avaliam que as mudanças podem ser retomadas já a partir desta quinta-feira (10), quando ele retorna de uma viagem a Honduras.
De volta ao Brasil, Lula deve se reunir com líderes partidários e com a cúpula do Congresso Nacional, incluindo os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
A expectativa é que o governo comece a articular as trocas com os partidos da base, abrindo mais espaço para aliados de outras siglas, como PSD, União Brasil e Republicanos, em vez de concentrar as nomeações apenas no PT.
PSD pode assumir o Turismo
Uma das principais apostas é a nomeação de um representante do PSD para o Ministério do Turismo, atualmente comandado por Celso Sabino (União Brasil-PA). O favorito é o deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ), aliado do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD).
Pedro Paulo, economista e ex-secretário-executivo do governo fluminense, já havia sido cotado no início da gestão, mas enfrentou resistências devido a uma denúncia de violência doméstica – admitida por ele em 2022, quando declarou: “Tivemos discussões e agressões mútuas”.
Apesar de ser vice-líder do governo na Câmara, o deputado já criticou medidas do Executivo, o que gerou desconforto entre aliados.
A bancada do PSD pressiona por maior representação, considerando o Ministério da Pesca – chefiado por André de Paula – como de “baixa capilaridade política”. O nome de André também foi especulado para o Turismo, mas Pedro Paulo ganhou força nas últimas horas.
União Brasil tenta manter espaço
Juscelino Filho oficializou a saída na terça-feira (8), e a tendência é que seja substituído pelo líder da bancada na Câmara, Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA) – próximo presidente do partido e defensor de maior aproximação com Lula.
Nesta terça, a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) almoçou com Antonio Rueda (futuro presidente da União Brasil), líderes do partido e Alcolumbre.
No encontro, a sigla reivindicou a manutenção das pastas que ocupa (Comunicações, Turismo e Desenvolvimento Regional), apesar das críticas internas ao partido por não entregar votos suficientes no Congresso.
Outras possíveis mudanças
- Ciência e Tecnologia: O União Brasil pode assumir a pasta, hoje com Luciana Santos (PCdoB). Ela poderia ser realocada para o Ministério das Mulheres, onde a saída de Cida Gonçalves é tida como certa.
- Desenvolvimento Agrário: O senador Beto Faro (PT-PA) surge como possível substituto de Paulo Teixeira, embora aliados do ministro afirmem que ele não está desgastado.
A reforma ministerial começou em janeiro, com a entrada de Sidônio Palmeira na Secom, e avançou com a substituição de Alexandre Padilha por Gleisi Hoffmann. Agora, a crise no União Brasil pode ser o gatilho para novas mudanças.