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A luta entre Imane Khelif e Angela Carini abre debate sobre atletas intersexo: Entenda o conceito do termo

Imane Khelif durante luta nas Olimpíadas — Foto: Divulgação/AFP/Getty Images
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Atletas intersexo em competições femininas e a necessidade de revisar critérios adotados pelo COl.

Recentemente, uma luta de boxe na categoria até 66 kg entre a argelina Imane Khelif e a italiana Angela Carini nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 se tornou um dos assuntos mais comentados na mídia esportiva.

A polêmica teve início quando Carini abandonou a luta em menos de 50 segundos, alegando que a superioridade física de Khelif tornava a disputa desigual.

Imane Khelif durante luta nas Olimpíadas — Foto: Reuters/Isabel Infantes
Imane Khelif durante luta nas Olimpíadas — Foto: Isabel Infantes/Reuters

O caso reacendeu o debate sobre a participação de atletas intersexo em competições femininas e os critérios adotados pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).

Mas afinal, o que significa ser intersexo?

Segundo o Escritório do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), uma pessoa intersexo é aquela que nasce com características sexuais que não se enquadram nas definições típicas de masculino ou feminino.

Essas características podem envolver anatomia sexual, órgãos reprodutivos, padrões hormonais ou cromossômicos que não seguem as padrões biológicas estabelecidas para homens e mulheres.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que entre 0,05% e 1,7% da população global nasça com características intersexo, o que pode representar até 3,5 milhões de pessoas somente no Brasil.

Uma pessoa pode ter um corpo fisicamente feminino, mas com um código genético XY (XY é o cromossomo masculino, XX é o cromossomo feminino), o que pode impactar no desenvolvimento físico e a produção de hormônios, desafiando as definições tradicionais de sexo biológico.

Exclusão em competições anteriores

A exclusão de Khelif do Campeonato Mundial de Boxe Feminino em Nova Déli, em março de 2023, trouxe à tona a complexidade da questão.

A decisão foi baseada no item 4.2.1 das Regras Técnicas e de Competição da Associação Internacional de Boxe (IBA), que exige que os competidores sejam do mesmo gênero.

No caso de Khelif, os testes de sexo realizados pela IBA identificaram a presença de cromossomos XY, típicos do sexo masculino, o que levou à desqualificação.

A mesma situação ocorreu com a boxeadora chinesa Lin Yu-ting, que também foi desqualificada do Campeonato Mundial de Boxe, mas recebeu autorização do COI para competir nas Olimpíadas de Paris 2024.

Taiwanesa envolvida em polêmica de gênero vai à final no boxe em Paris
Taiwanesa envolvida em polêmica de gênero vai à final no boxe em Paris – Foto: Paul Childs/Reuters

Após a luta entre Khelif e Carini, a IBA reafirmou uma posição contrária à participação de atletas intersexo em competições femininas, destacando a importância de proteger a integridade do esporte e garantir condições justas para todas as competidoras.

No dia seguinte, a entidade anunciou a concessão de um prêmio financeiro de US$ 100 mil à boxeadora italiana, como forma de apoio e reconhecimento pelo desafio enfrentado na luta contra Khelif.

Imane Khelif (atleta trans à esquerda) e Angela Carini (à direita) boxeadora italiana
Imane Khelif (atleta trans à esquerda) e Angela Carini (à direita) boxeadora italiana – Foto: Reprodução/Instagram

A participação dessas atletas nas competições femininas levanta questões sobre o direito nas disputas e o impacto da superioridade física em relação às demais competidoras.

Diferença entre intersexo e hermafrodita

Enquanto o termo “hermafrodita” era utilizado no passado para descrever indivíduos com características sexuais ambíguas, hoje ele é considerado limitante e pejorativo.

A ONU recomenda o uso do termo “intersexo” para descrever essas variações biológicas, já que ele engloba uma gama mais ampla de condições que não se enquadram nas definições típicas de masculino e feminino.

A diferença entre os termos reside na amplitude das definições. “Hermafrodita” refere-se especificamente à presença simultânea de tecido ovariano e testicular, muitas vezes acompanhado de genitália ambígua.

Já “intersexo” é um termo mais inclusivo, que abrange todas as condições biológicas que não se encaixam nas categorias tradicionais de sexo.

 

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